terça-feira, 13 de outubro de 2015

Missão da família

Se a felicidade não for um ideal a ser buscado em comum, dificilmente se consegue seu objetivo.

Por Dom José Alberto Moura*
Hoje os vários tipos de convivência familiar dependem da história de cada pessoa, de sua cultura, de seu ambiente e dos influxos da sociedade e, não menos, da mídia. Muitos se casam para buscar e ter a felicidade. Este é um termo de muitas conotações.
No referencial da família, a felicidade ou a realização gratificante ou prazerosa e contínua de todas as pessoas nela envolvidas, inclui a parte logística ou de estrutura material, psicológica e religiosa. No entanto, se não for permeada de um ideal elevado a ser buscado em comum, dificilmente se consegue seu objetivo. É o mesmo que querer um corpo saudável sem o sangue a circular por suas veias! Se o ideal de felicidade não tiver a iluminação divina, ele fica embaçado e pode levar as relações humanas a ruírem, como acontece com freqüência.
O casamento é uma instituição inerente à pessoa humana (Cf. Gênesis 2,18-24). Mas o Filho de Deus a elevou à vocação e missão marcadas pelo dom divino de sacramento. Isso significa que a união perseverante do homem e da mulher no matrimônio é permeada pelo amor humano permeado pelo divino. As pessoas o assumem, comprometendo-se a realizar um projeto de vida com  a vocação matrimonial para um ajudar o outro. Isso ocorre dentro das respectivas condições de igualdade de missão na diferença de função, conforme sua masculinidade e feminilidade, colocando tudo em comum. Assumem juntas a paternidade e a maternidade no mútuo apoio para amarem e educarem os possíveis filhos para a vida em plenitude.
A marca da convivência dos cônjuges, nessa perspectiva cristã, é o amor continuamente crescido em humanidade e na graça de Deus. A família assim constituída tem força para superar as diferenças das pessoas, as dificuldades da vida e os problemas de convivência, buscando energia espiritual da religiosidade vivida em comunidade. Esta se torna um suporte importante para dar subsídio emocional e sobrenatural para a família. A própria comunidade religiosa é uma verdadeira família a subsidiar espiritualmente as famílias constituídas pelas pessoas com o sacramento do matrimônio. As pessoas e famílias, que têm dificuldades inerentes aos problemas de constituição e prática familiares, encontram aí força e estímulo para o  cumprimento de sua vocação.
Mas a família cristã tem também missão especial em relação à sociedade: a de ser geradora de pessoas que ajudem a promoção da cidadania para todos. A marca da formação nessa família fundamentalmente é a da formadora do caráter. Deste modo seus membros tornam-se presença qualificada de ética, honestidade e compromisso com o bem comum. Usam os dons pessoais para servirem o semelhante. É verdadeira missão de servir. Isso só é entendido quando o matrimônio é assumido como vocação. A união só por outros interesses não significa ser família com o enfoque acima referido.
A iluminação do ideal motivado pela fé religiosa leva a família a se estruturar baseada no amor eminentemente oblativo, com seus membros colocando tudo em comum para buscarem a realização humana, progressivamente,  com os ditames do projeto do Criador. É a convivência no amor, que leva cada um a cooperar com a plena realização do outro, até com o sacrifício de si. Quem ama verdadeiramente, dá de si com alegria! A família que vive na interação das pessoas com essa atitude é feliz e vive e transmite alegria!
CNBB 30-09-2015.

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