segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Munch, além do Grito

Exposição mostra o drama e a dor presentes na obra de Edvard Munch
Por Marco Lacerda*
  
Edvard Munch, auto-retrato (1863-1944)<i></i>
 
Entardecer, 1888<i></i>
 
Assassinato, 1906<i></i>
 
Ciúmes, 1903<i></i>
 
Desejo. 1907<i></i>
 
Mãe e filha, 1897<i></i>
 
A tormenta, 1893<i></i>
 
Nudez feminina de joelhos, 1919<i></i>
 
Sob as estrelas, 1900-1905<i></i>
 
O artista e sua modelo, 1919-1921<i></i>
 
Mulher, 1825<i></i>
 
Adão e Eva, 1909<i></i>
A exposição ‘Edvard Munch: Arquétipos’ apresenta um amplo catálogo de modelos emocionais do homem contemporâneo. A mostra, que reunirá cerca de 80 obras do artista, um dos pais da modernidade, junto com Cézanne, Gauguin e Van Gogh, foi organizada pelo Museu Thyssen-Bornemisza (o único museu espanhol que possui obras do pintor) com a colaboração do Munch Museet de Oslo, de onde procede a metade das obras em exibição.
É a primeira mostra dedicada ao artista norueguês em Madrid desde 1984 e ficará em cartaz de 6 de outubro a 17 de janeiro de 2016. Nas palavras do próprio Munch sua obra sempre foi na contramão do estilo moderno, embora a curadora Paloma Alarcó afirme que ele nunca abandonou a figuração, apenas se distanciou de qualquer imitação do natural através de uma linguagem simbólica e expressionista radical e do uso de diversas estratégias artísticas que lhe permitiram orientar o espaço para uma dimensão psíquica.
Mediante um sistema de metáforas e de personagem e ações arquetípicas, Munch investiga uma nova fórmula artística onde utiliza o anonimato de seus personagem e a repetição de sequências temáticas para direcionar a alma, como ele mesmo costumava explicar.
A exposição é dividida em nove espaços: Melancolia, Morte, Pânico, Mulher, Melodrama, Amor, Noturnos, Vitalismo e Nudez. Contagiada pelo impressionismo a tela Entardecer antecipa algo da futura obra de Munch. Sua irmã Laura, que logo sofreria uma enfermidade mental, aparece solitária e ensimesmada.
“Enfermidade, loucura e morte foram os anjos negros que velaram meu berço”, dizia Edvard Munch que, apesar disso, via uma alegoria da criatividade nessas circunstâncias. Com a irmã doente, ele se distancia do impressionismo. “Quase todo o que fiz a partir daí tem origem nessa pintura”. 
Aqui está personificado um sentimento existencialista e uma visão do medo e da morte. Munch fez várias versões pictóricas dessa obra. A composição de Morte no quarto da enferma remete a uma cena teatral, carregada de drama e dor.
Edvard Munch (1863-1944) tinha pânico de multidões e sentia a cidade de uma forma traumática. A versão litográfica de O Grito, de 1895, presente na exposição, contém todos os elementos da angústia existencial da obra original. A publicação dessa litografia em La Revue Blanche, em 1895, marca o início da estreita identificação do pintor com a obra.
*Marco Lacerda é jornalista, escritor e Editor Especial do DomTotal.

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