O presidente palestino pediu a criação urgente de um "regime de proteção internacional".
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, apelou nesta quarta-feira à comunidade internacional para criar urgentemente "um regime de proteção internacional do povo palestino", denunciando os assassinatos extrajudiciais cometidos pelas forças de segurança israelenses.
"É fundamental que cada um assuma as suas responsabilidades antes que seja tarde demais, penso principalmente nas Nações Unidas (...) e nos Estados-Membros das Nações Unidas", declarou Abbas durante uma reunião especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU, solicitada pelos próprios palestinos.
"Faço um apelo ao Conselho de Segurança, que mais do que nunca é solicitado para criar um sistema internacional de proteção do povo palestino de forma urgente", acrescentou o líder.
"Nós precisamos de sua proteção. Protejam-nos, protejam-nos. Nós precisamos de vocês", afirmou, considerando "inútil perder tempo em negociações apenas pelo prazer de negociar".
Para Abbas, "é inaceitável imaginar que a atual situação persista, porque isso vai aniquilar todas as esperanças de uma paz baseada em uma solução de dois Estados".
Ele também lamentou que "a comunidade internacional não faça justiça ao nosso povo".
Também falando aos membros do Conselho, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ra'ad Zeid Al Hussein, disse que a crise entre Israel e os palestinos é extremamente perigosa e que levará a um desastre se nada for feito para o fim imediato da violência.
"A violência entre palestinos e israelenses nos levará a um desastre se não cessar imediatamente", disse Zeid. Para a autoridade, "esta crise é extremamente perigosa, porque é um confronto que se baseia no mecanismo humano mais emocional: o medo".
Em um novo apelo à calma, o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou em Washington que a onda atual de violência mortal "é uma nova prova da loucura de acreditar que os esforços permanentes pela paz não valem a pena (...). Simplesmente, a situação atual não será controlável a curto prazo".
No terreno, atos de violência se repetiram após quatro semanas de manifestações diárias e por vezes mortais, além de atentados anti-israelenses que despertaram o espectro de uma nova Intifada.
Em Jerusalém, o governo israelense mobilizou uma considerável força policial.
Um palestino tentou esfaquear um soldado israelense perto de Hebrón (Cisjordânia, sul), antes de ser morto por disparos israelenses, informaram a polícia e o exército.
Quase ao mesmo tempo, outro palestino feriu levemente uma mulher israelense com uma faca, em frente a um supermercado em Gush Etzion, colônia judaica situada entre Belém e Hebrón, informou a polícia, que prendeu o agressor.
À noite, centenas de palestinos protestaram em Hebrón para pedir às autoridades israelenses que lhes devolvam "os corpos dos mártires". Segundo eles, Israel guarda os cadáveres de 25 agressores palestinos e de um árabe israelense.
"A família do terrorista transforma seu funeral em uma demonstração de apoio ao terrorismo e de incitação ao assassinato e não podemos permitir isto", declarou o ministro israelense do Interior, Gilad Erdan, em meados de outubro.
Israel enterra estes palestinos em cemitérios reservados aos agressores, uma decisão que enfurece os muçulmanos que têm normas estritas sobre a forma como os mortos devem ser sepultados.
Desde 1º de outubro, a violência deixou um total de 60 vítimas (59 palestinos e um árabe-israelense) de um lado, e nove israelenses do outro.
'Linha vermelha'
Entre uma série de medidas, o governo israelense anunciou em 14 de outubro que os corpos dos autores de ataques contra israelenses não seriam devolvidos aos seus familiares.
Desta forma, o pai de Dania Irshaid ainda espera para recuperar os restos mortais desta palestina de 17 anos morta com vários tiros no domingo, no coração histórico de Hebron.
Os israelenses "querem colocar pressão sobre nós, mantendo os corpos das meninas, porque eles sabem que está é uma linha vermelha para nós: eles nos matam e depois tentam esmagar a nossa dignidade, nossa honra", disse Jihad, o pai, à AFP.
Israel guarda há tempos os corpos daqueles que considera como "terroristas", como os de suicidas durante a Segunda Intifada (2000-2005). O governo ainda retém 242 corpos, aos quais se somam os 25 mais recentes, segundo Salem Khela, coordenador da "Campanha Nacional Palestina para o retorno dos corpos dos mártires". Sua organização conseguiu recuperar 130 corpos desde 2008.
Neste contexto, a justiça israelense deve analisar na quinta-feira uma outra medida controversa: a demolição de casas de autores de ataques, o que é visto como uma punição coletiva.
Foi Benjamin Netanyahu, chefe de um dos governos mais à direita da história de Israel, que colocou esta medida em prática.
Além disso, um deputado árabe-israelense, Basel Ghattas, desafiou abertamente Netanyahu ao anunciar que visitou a Esplanada das Mesquitas para mostrar que Israel não pode controlar este local extremamente sensível.
O primeiro-ministro havia proibido, no início de outubro, que ministros e deputados israelenses visitassem a Esplanada, em uma tentativa de acalmar a tensão. Mas a proibição indignou os deputados árabes-israelenses em solidariedade com os palestinos.
A esplanada (Monte do Templo) é o local mais sagrado para os judeus e o terceiro local mais sagrado do Islã. A suspeita de que Israel quer mudar as regras que regem o local é considerada um dos gatilhos da escalada da violência atual.
"É fundamental que cada um assuma as suas responsabilidades antes que seja tarde demais, penso principalmente nas Nações Unidas (...) e nos Estados-Membros das Nações Unidas", declarou Abbas durante uma reunião especial do Conselho de Direitos Humanos da ONU, solicitada pelos próprios palestinos.
"Faço um apelo ao Conselho de Segurança, que mais do que nunca é solicitado para criar um sistema internacional de proteção do povo palestino de forma urgente", acrescentou o líder.
"Nós precisamos de sua proteção. Protejam-nos, protejam-nos. Nós precisamos de vocês", afirmou, considerando "inútil perder tempo em negociações apenas pelo prazer de negociar".
Para Abbas, "é inaceitável imaginar que a atual situação persista, porque isso vai aniquilar todas as esperanças de uma paz baseada em uma solução de dois Estados".
Ele também lamentou que "a comunidade internacional não faça justiça ao nosso povo".
Também falando aos membros do Conselho, o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ra'ad Zeid Al Hussein, disse que a crise entre Israel e os palestinos é extremamente perigosa e que levará a um desastre se nada for feito para o fim imediato da violência.
"A violência entre palestinos e israelenses nos levará a um desastre se não cessar imediatamente", disse Zeid. Para a autoridade, "esta crise é extremamente perigosa, porque é um confronto que se baseia no mecanismo humano mais emocional: o medo".
Em um novo apelo à calma, o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou em Washington que a onda atual de violência mortal "é uma nova prova da loucura de acreditar que os esforços permanentes pela paz não valem a pena (...). Simplesmente, a situação atual não será controlável a curto prazo".
No terreno, atos de violência se repetiram após quatro semanas de manifestações diárias e por vezes mortais, além de atentados anti-israelenses que despertaram o espectro de uma nova Intifada.
Em Jerusalém, o governo israelense mobilizou uma considerável força policial.
Um palestino tentou esfaquear um soldado israelense perto de Hebrón (Cisjordânia, sul), antes de ser morto por disparos israelenses, informaram a polícia e o exército.
Quase ao mesmo tempo, outro palestino feriu levemente uma mulher israelense com uma faca, em frente a um supermercado em Gush Etzion, colônia judaica situada entre Belém e Hebrón, informou a polícia, que prendeu o agressor.
À noite, centenas de palestinos protestaram em Hebrón para pedir às autoridades israelenses que lhes devolvam "os corpos dos mártires". Segundo eles, Israel guarda os cadáveres de 25 agressores palestinos e de um árabe israelense.
"A família do terrorista transforma seu funeral em uma demonstração de apoio ao terrorismo e de incitação ao assassinato e não podemos permitir isto", declarou o ministro israelense do Interior, Gilad Erdan, em meados de outubro.
Israel enterra estes palestinos em cemitérios reservados aos agressores, uma decisão que enfurece os muçulmanos que têm normas estritas sobre a forma como os mortos devem ser sepultados.
Desde 1º de outubro, a violência deixou um total de 60 vítimas (59 palestinos e um árabe-israelense) de um lado, e nove israelenses do outro.
'Linha vermelha'
Entre uma série de medidas, o governo israelense anunciou em 14 de outubro que os corpos dos autores de ataques contra israelenses não seriam devolvidos aos seus familiares.
Desta forma, o pai de Dania Irshaid ainda espera para recuperar os restos mortais desta palestina de 17 anos morta com vários tiros no domingo, no coração histórico de Hebron.
Os israelenses "querem colocar pressão sobre nós, mantendo os corpos das meninas, porque eles sabem que está é uma linha vermelha para nós: eles nos matam e depois tentam esmagar a nossa dignidade, nossa honra", disse Jihad, o pai, à AFP.
Israel guarda há tempos os corpos daqueles que considera como "terroristas", como os de suicidas durante a Segunda Intifada (2000-2005). O governo ainda retém 242 corpos, aos quais se somam os 25 mais recentes, segundo Salem Khela, coordenador da "Campanha Nacional Palestina para o retorno dos corpos dos mártires". Sua organização conseguiu recuperar 130 corpos desde 2008.
Neste contexto, a justiça israelense deve analisar na quinta-feira uma outra medida controversa: a demolição de casas de autores de ataques, o que é visto como uma punição coletiva.
Foi Benjamin Netanyahu, chefe de um dos governos mais à direita da história de Israel, que colocou esta medida em prática.
Além disso, um deputado árabe-israelense, Basel Ghattas, desafiou abertamente Netanyahu ao anunciar que visitou a Esplanada das Mesquitas para mostrar que Israel não pode controlar este local extremamente sensível.
O primeiro-ministro havia proibido, no início de outubro, que ministros e deputados israelenses visitassem a Esplanada, em uma tentativa de acalmar a tensão. Mas a proibição indignou os deputados árabes-israelenses em solidariedade com os palestinos.
A esplanada (Monte do Templo) é o local mais sagrado para os judeus e o terceiro local mais sagrado do Islã. A suspeita de que Israel quer mudar as regras que regem o local é considerada um dos gatilhos da escalada da violência atual.
AFP
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