Agência Ecclesia 16 de Outubro de 2015 RV/OR
Participantes admitem que debate se estenda para lá da assembleia
Cidade do Vaticano, 16 out 2015 (Ecclesia) - O debate sobre a situação dos divorciados que casaram civilmente, impedidos de comungar, pode passar do Sínodo dos Bispos para uma “comissão de peritos”, segundo proposta de vários participantes.
A revelação foi feita hoje na conferência de imprensa em que vários porta-vozes da Santa Sé deram conta das últimas sessões de trabalho na assembleia sinodal sobre a família.
A proposta de “criar uma comissão de peritos” para estudar este tema, após o Sínodo, procuraria evitar uma “decisão prematura” sobre um tema que tem vindo a dividir opiniões.
No ‘briefing’ desta tarde foi revelado que os participantes têm debatido a chamada “via penitencial”, que permitiria o acesso à Comunhão para divorciados recasados, em casos específicos, uma proposta que é rejeitada por outros participantes, que defendem a manutenção da atual prática da Igreja.
Segundo D. Giancarlo Petrini, bispo de Camaçari e presidente emérito da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Comissão Nacional de Bispos do Brasil (CNBB), a proposta brasileira foi apresentada por D. Raymundo Damasceno, um dos presidentes-delegados do Sínodo deste ano.
“Ele pediu exatamente que este acolhimento dos aspetos mais difíceis seja aprofundado por uma comissão, para que se possa ter mais segurança”, disse à Rádio Vaticano.
Esta quarta-feira, D. Stanislaw Gadecki, arcebispo de Poznan e presidente da Conferência Episcopal Polaca, tinha dito, por sua vez, que em relação ao acesso dos divorciados recasados à Eucaristia, os bispos do seu país “excluem essa possibilidade”.
O arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Scherer, explicou à emissora pontifícia que estão em causa “sugestões pastorais e tentativas de encontrar caminhos pastorais para os novos desafios ou para problemas ou situações constantes da família”, como os “casamentos falhados”.
“Entre essas pessoas naturalmente há tantos católicos que querem participar na vida da Igreja, dos sacramentos da Confissão e da Comunhão. A Igreja viu muitas formas de participação na vida da Igreja, mas não a Comunhão e a Confissão”, explicou.
Segundo o cardeal brasileiro, quem “vê dificuldade em mudar as coisas baseia-se justamente na questão que está inerente ao próprio sacramento do matrimónio e à sua indissolubilidade”.
“Existem, no entanto, os que propõem que haja uma flexibilização, sobretudo para os casais que já estão juntos há mais tempo e que haja uma via penitencial para que esses casais que sinceramente querem participar na vida eucarística e que não têm como mudar, voltar atrás”, acrescentou.
Segundo D. Odilo Scherer, não está em causa uma “medida genérica”, aplicável em toda a parte, mas “confiada ao discernimento dos bispos e em situações especiais, de pessoa a pessoa, caso a caso”.
“A reflexão continua e não creio que chegaremos a uma decisão, porque neste caso a decisão implicaria inclusive mudanças doutrinais. E mudanças doutrinais não cabem ao Sínodo. Neste caso, seria um ato magisterial do Papa ou em outras instâncias da Igreja”, concluiu.
Na conferência de imprensa desta tarde estiveram dois dos convidados de outras Igrejas cristãs que acompanham o Sínodo, entre eles Timothy Thornton, bispo britânico da Comunhão Anglicana, o qual descartou “mudanças espetaculares” como um resultado imediato desta assembleia.
Outros temas debatidos foram o acompanhamento dos idosos sós, a adoção de crianças abandonadas, a regulação da natalidade ou o ensinamento da Igreja sobre a sexualidade.
OC
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