segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Extrema direita francesa tem vitória histórica nas regionais

Após atentados de Paris, a previsão era de avanço da extrema direita. 
Segundo turno das eleições regionais acontece no próximo domingo.

Da France Presse

Marine Le Pen, líder do partido de extrema-direita Frente Nacional (FN), discursa após o primeiro turno das eleições regionais francesas no domingo (6) (Foto: Michel Spingler/AP)Marine Le Pen, líder do partido de extrema-direita Frente Nacional (FN), discursa após o primeiro turno das eleições regionais francesas no domingo (6) (Foto: Michel Spingler/AP)
A Frente Nacional (FN) obteve uma vitória histórica, neste domingo (6), no primeiro turno das eleições regionais francesas, com cerca de 30% dos votos em nível nacional e em primeiro lugar em seis das 13 regiões da França.
Em nível nacional, a FN conseguiu 28% dos votos, à frente da direita (27%) e do Partido Socialista (23,5%), segundo as estimativas mais recentes do ministério do Interior.
O partido dirigido por Marine Le Pen lidera em pelo menos seis das 13 regiões da França.
A FN supera com vantagem a oposição de direita e o Partido Socialista em três regiões-chave: o norte (Norte-Pas de Calais-Picardia), onde Marine Le Pen é candidata; no sudeste (Provence-Alpes-Côte d'Azur), onde a candidata é sua sobrinha Marion Maréchal Le Pen; e no nordeste (Alsácia-Champagne-Ardène-Lorena), onde a candidatura é a do vice-presidente do partido, Florian Philippot.
Marine Le Pen e Marion Maréchal-Le Pen receberam cada uma por volta de 41% dos votos em suas respectivas regiões.
Em nota, após o anúncio das primeiras estimativas, Marine comemorou um "resultado magnífico", que recebe "com humildade e um profundo senso das responsabilidades".
"Temos vocação para concretizar a unidade nacional, da qual o país precisa", afirmou Marine Le Pen.
Já Florian Philippot reivindicou a condição de "primeiro partido da França".
Após os atentados de Paris e da previsão de avanço da extrema direita - agora confirmado -, as eleições regionais acabaram ganhando atenção nacional e se transformaram no último teste eleitoral antes da disputa presidencial de 2017.
Mais de 44 milhões de eleitores eram esperados nas urnas para eleger os conselhos que governarão as 13 regiões do país.
Três semanas depois dos atentados mais graves da história da França, que deixaram 130 mortos e cerca de 350 feridos, as eleições ocorrem em estado de emergência, com medidas de segurança reforçadas ao redor das mesas eleitorais.
Hollande sobe, mas não seu partido
A FN, que tem boas condições de vencer pela primeira vez em ao menos duas regiões no segundo turno, prossegue com o avanço obtido no ano passado nas eleições municipais e europeias
Os atentados praticamente cancelaram a campanha para essas eleições e contribuíram para diluir as divergências políticas, em um clima no qual se mesclaram as homenagens às vítimas, os apelos à guerra contra o grupo Estado Islâmico e um crescimento dos símbolos patrióticos.
O partido de Marine Le Pen se viu diante de um discurso nacionalista e anti-imigrantes após a informação de que dois dos suicidas dos atentados chegaram à França a partir da Grécia, onde entraram despercebidos entre milhares de migrantes.
Os socialistas não parecem ter-se beneficiado do espetacular aumento de popularidade que as pesquisas concedem (até +22 pontos) para o presidente François Hollande, após as medidas tomadas depois dos atentados.
O segundo turno das eleições regionais acontece no próximo domingo. Poderão se reapresentar as listas que registrarem pelo menos 10% no primeiro turno.
O resultado das eleições depende, em larga medida da posição, no segundo turno, do PS e dos Republicanos (LF), principal partido da oposição de direita, nas regiões onde a FN tem chances de ganhar.
Poderão retirar suas listas em favor de outro partido, ou se aliar para impedir a vitória da extrema direita, ou ainda se manter para um segundo turno triangular. Esta última situação pode favorecer a FN.
O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, líder da oposição de direita a seu sucessor socialista François Hollande, descartou qualquer aliança com a esquerda para conter a extrema direita no segundo turno.
Para Sarkozy, não há "nem fusão" com os socialistas, "nem retirada" das listas de seu partido Les Républicains. Este representa, de acordo com o ex-presidente, "a única alternativa possível" nas regiões suscetíveis de cair nas mãos da FN.
O partido centrista UDI, aliado da LR, pediu a um de seus líderes, Jean-Christophe Lagarde, a "retirada das listas na terceira posição" em todas as regiões, nas quais "a FN pode ganhar".
Outro líder centrista, François Bayrou, presidente do partido MoDem, também pediu essa retirada.
Já o PS anunciou que retira suas listas ao menos em duas regiões-chave para "bloquear" uma possível vitória da FN.
"Nas regiões de risco a favor da Frente Nacional, onde a esquerda não supera a direita, o Partido Socialista decidiu fazer uma barreira junto aos republicanos, em particular em Norte-Pas de Calais-Picardia (norte) e Provence-Alpes-Côte d'Azur (sul)", declarou o líder do PS, Jean-Christophe Cambadélis.
Marine Le Pen disse que não está preocupada com os planos socialistas de retirar listas, mas reconheceu que "as coisas, obviamente, serão um pouco menos simples".
As eleições nacionais são as últimas previstas na França antes das presidenciais de 2017, para a qual as pesquisas apontam Marine Le Pen como líder nas intenções de voto para o primeiro turno
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário