domingo, 17 de janeiro de 2016

EUA e UE suspendem sanções ao Irã

A AIEA destacou que Teerã manteve seus compromissos em troca da suspensão de sanções.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) deu sinal verde, neste sábado, para a entrada em vigor do histórico acordo nuclear firmado entre o Irã e as grandes potências (P5+1), destacando que Teerã manteve seus compromissos em troca da suspensão de sanções internacionais.
"O Irã completou as etapas reparadoras necessárias para a instalação do acordo" concluído em 14 de julho de 2015, declarou o secretário-geral dessa agência da ONU, Yukiya Amano, em uma nota divulgada em Viena.
No domingo, Yukiya Amano, segue para Teerã.
Logo após o anúncio da AIEA, União Europeia (UE) e Estados Unidos anunciaram a suspensão das sanções econômicas e financeiras ao Irã. A decisão entrou em vigor com a publicação no Diário Oficial da UE, menos de uma hora depois de sua adoção formal por parte dos 28 Estados-membros do bloco.
"Venho por meio desta confirmar que a Agência Internacional de Energia Atômica verificou que o Irã implementou, completamente, os compromissos exigidos (...) Os compromissos dos Estados Unidos referentes às sanções estão agora em vigor", afirmou o secretário de Estado americano, John Kerry, que está em Viena.
Em comunicado conjunto, a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, e o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, informaram que todas as sanções foram suspensas.
Federica presidiu as negociações com o Irã em nome do P5+1, integrado por Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha.
"Tendo o Irã cumprido seus compromissos, hoje, as sanções econômicas e financeiras multilaterais e nacionais ligadas ao programa nuclear iraniano estão suspensas", declararam.
"Como previsto, continuaremos a supervisionar estreitamente a implementação completa e efetiva do acordo", garantiu a diplomata europeia e o ministro iraniano.
"Esse evento mostra, claramente, que, com vontade política, perseverança e diplomacia multilateral podemos resolver as questões mais difíceis e encontrar soluções práticas", continua a nota, destacando a "encorajadora e forte mensagem" enviada ao conjunto da comunidade internacional.
A suspensão da totalidade das sanções será gradual, ao longo de um período de dez anos e, por 15 anos, as medidas poderão ser automaticamente restabelecidas, em caso de descumprimento por parte de Teerã. O Irã também aceitou se submeter às inspeções reforçadas da AIEA.
Além disso, os embargos da ONU sobre armas convencionais e sobre mísseis balísticos estão mantidos até 2020 e 2023, respectivamente.
Os ministros das Relações Exteriores de Irã, União Europeia e Estados Unidos estão reunidos em Viena, neste fim de semana, para tratar do tema.

Reações
O presidente iraniano, Hassan Rohani, comemorou o desfecho, com a "vitória gloriosa" do povo iraniano, em um tuíte postado neste domingo de manhã (horário local).
"Agradeço a Deus e reverencio a grandeza do paciente povo do Irã. Eu os felicito por essa vitória", tuitou.
As sanções internacionais afetam gravemente a economia do Irã, um país de 77 milhões de habitantes com grandes recursos de petróleo e gás.
A França celebrou "o início da implantação do acordo nuclear com o Irã", disse o ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius.
"É uma etapa importante para a paz e a segurança, assim como para os esforços internacionais de luta contra a proliferação nuclear", acrescentou, comemorando também a "posição de firmeza construtiva" adotada por Paris.
Segundo Fabius, "a França contribuiu, fortemente, para a conclusão desse acordo" e "será vigilante quanto a seu estrito respeito e implementação".
"No momento em que a região enfrenta imensos desafios e fortes tensões, desejo que o espírito de cooperação que marcou a conclusão do acordo também possa se traduzir em todas as questões regionais", concluiu o chanceler francês, referindo-se, indiretamente, aos conflitos na Síria, no Iraque e no Iêmen.
Em um comunicado, o ministro britânico das Relações Exteriores, Philip Hammond, disse se tratar de uma "importante etapa".
"O acordo nuclear com o Irã, no qual a Grã-Bretanha desempenhou um papel importante, faz do Oriente Médio, e do mundo em geral, um lugar mais seguro", declarou Hammond.
Para o ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, trata-se de um "acontecimento histórico da diplomacia".
Na mesma direção, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, comemorou a aplicação do acordo e disse esperar que contribua para a estabilidade regional.
"Este é um marco significativo que reflete os esforços de boa-fé de todas as partes para cumprir os compromissos assumidos", avaliou Ban, em um comunicado.
Já o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, garantiu que o Irã continua tentando construir armas atômicas.
"Embora tenha firmado o acordo nuclear, o Irã não abandonou suas ambições de se dotar de armas atômicas e continua desestabilizando o Oriente Médio e espalhando terror pelo mundo todo, violando seus compromissos internacionais", frisou Netanyahu, advertendo que Israel "vigiará a aplicação" do acordo.
A rejeição de Israel foi acompanhada pelo presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, o republicano Paul Ryan.
"Hoje, o governo Obama começará a suspender as sanções econômicas contra o principal Estado que apoia o terrorismo no mundo", alertou Ryan, em um comunicado.
Segundo ele, "muito provavelmente", Teerã vai-se aproveitar do novo volume de recursos financeiros para continuar financiando o terrorismo.
"Como sugeriu o próprio presidente, o Irã usará este dinheiro, muito provavelmente - mais de US$ 100 bilhões no total -, para financiar terroristas", manifestou Ryan, lembrando que os republicanos votaram contra o acordo firmado entre as grandes potências e Teerã em julho passado.
Ryan também denunciou a suspensão das sanções poucos meses depois do lançamento, por parte de Teerã, de um míssil balístico e apenas dias depois de o Irã ter retido duas embarcações e dez marines americanos, liberando-os em seguida.
AFP

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