Presidente turco fez elogios aos regimes ditatoriais e a favor de mudanças na constituição do país.
Por Lev Chaim*
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ao voltar de sua viagem à Arábia Saudita, fez elogios explícitos aos regimes ditatoriais e a favor de mudanças na constituição do país. Até fez lembrar o presidente Vladimir Putin que é quem manda e desmanda no legislativo e judiciário russos, com todos os poderes ditatoriais. Tanto a Rússia como a Turquia estão em sérias dificuldades financeiras, mas seus governantes e asseclas estão cada vez mais ricos.
Só que desta vez, Erdogan passou dos limites toleráveis e superou de longe o seu colega russo, ao elogiar os tempos da ditadura nazista de Hitler. Fato este que caiu como uma bomba no caminho dos países ocidentais. O que fazer e como reagir? Até o momento, nenhuma reação oficial, apenas reações de pessoas que já conheciam esta faceta até então escondida do presidente turco.
Se olharmos discursos anteriores de Erdogan, já se podia notar a veia virulenta do potencial ditador, quando ele, uma vez, disse que “a democracia foi um achado dos judeus e para os verdadeiros muçulmanos não era um método aceitável”. Com o elogio a Hitler, ele deixou cair a máscara e mostrou a verdadeira face ao mundo. A Turquia é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e até o momento foi um ‘aliado’ de Washington contra os avanços russos e chineses.
No momento, o governo turco parece ter a Europa ocidental nas mãos. Não só foi feito um acordo com Bruxelas para que Erdogan proibisse a saída de imigrantes sírios de seu país, como também a Turquia exigiu o reinício das discussões para a sua entrada para a União Europeia. Isto, sem falar dos bilhões de euros exigidos para impedir a imigração ilegal a partir de seu território.
Erdogan e sua polícia secreta sabem de tudo que ocorre no país. Qualquer jornalista que critica o regime é levado imediatamente a julgamento ou à prisão. Como é que ele não controla os traficantes de pessoas em sua costa, que transportam refugiados em precários barcos para a Grécia? Quase chego a pensar que esta avalanche de imigrantes para a Europa, na verdade, teria sido um plano mestre de Erdogan para colocar o Continente de joelhos e acabar com os curdos do país.
Em um ensaio sobre o assunto, a jornalista e escritora Betsy Udink reafirmou que esta admiração de Erdogan por Hitler não era nada estranho para quem cresceu com a ideologia totalitária-fascista do poeta turco, Necip Fazil (1904-1983). Este representou para o islamismo turco o mesmo que Gabriele d’Annunzio representou para o fascismo italiano. Aos vinte anos, Fazil já era conhecido por sua arte poética glorificando o totalitarismo islã turco, o ditador fascista italiano Mussolini e o ditador alemão Adolf Hilter. Desde os dezesseis anos, o jovem Erdogan já era um fã deste poeta.
Para Necip Fazil, os grandes perigos para a nação turca eram os leigos, os judeus e os judeus que foram obrigados a se converter ao islamismo. Quando prefeito de Istanbul, Erdogan mostrou, mais uma vez, ser um discípulo deste poeta fascista ao comentar que “A democracia não é algo que sirva para o Islã, mas apenas um bonde que se pega para se atingir os objetivos e depois se cair fora”.
Agora, Erdogan mostrou a sua verdadeira cara – uma ridícula e perigosa caricatura de Hitler. Recentemente, ele teve a coragem de dizer que em 2015 já havia eliminado 3 mil curdos e que iria continuar com a limpeza étnica. Não é por nada que em julho de 2013, uma publicação satírica turca já o havia colocado em sua capa com o típico bigodinho hitleriano e o título em inglês: “The dictator – Erdogan’s way or the Highway”.
*Lev Chaim é jornalista, colunista, publicista da FalaBrasil e trabalhou mais de 20 anos para a Radio Internacional da Holanda, país onde mora até hoje. Ele escreve todas as terças-feiras para o Domtotal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário