segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Vaticano: «Nunca se pode matar em nome de Deus», diz o Papa


Agência Ecclesia 11 de Janeiro de 2016, às 10:05      

Francisco condenou terrorismo e fundamentalismo religioso, diante dos representantes do corpo diplomático na Santa Sé

Cidade do Vaticano, 11 jan 2016 (Ecclesia) - O Papa condenou hoje no Vaticano o terrorismo e o fundamentalismo religioso, diante dos representantes do corpo diplomático na Santa Sé, rejeitando que se justifique a violência com qualquer credo.

“Nunca se pode matar em nome de Deus”, afirmou Francisco, num longo discurso que marcou este encontro anual com os representantes de 180 Estados, incluindo Portugal, bem como da União Europeia, da Palestina e da Ordem Soberana de Malta.

A intervenção apelou a uma "ação política conjunta" para conter a propagação do extremismo e do fundamentalismo, "com as suas consequências de matriz terrorista, que ceifam inumeráveis vítimas quer na Síria e na Líbia, quer noutros países, como o Iraque e o Iémen".

Segundo o Papa, os homens e mulheres de fé têm de ser pessoas de “paz” e “só uma forma ideologizada e extraviada de religião pode pensar fazer justiça em nome do Omnipotente, massacrando deliberadamente pessoas indefesas”.

A este respeito, Francisco recordou os “sangrentos ataques terroristas” dos últimos meses na África, Europa e Médio Oriente.

“Toda a experiência religiosa, vivida autenticamente, só pode promover a paz”, insistiu.

O Papa recordou, a este respeito, o ano santo extraordinário que a Igreja Católica está a viver, o Jubileu da Misericórdia (dezembro de 2015-novembro de 2016), sublinhando que para Deus “o poder não significa força e destruição, mas amor” e a justiça “não significa vingança, mas misericórdia”.

“Precisamente nesta perspetiva, quis proclamar o Jubileu extraordinário da Misericórdia, inaugurado excecionalmente em Bangui durante a minha viagem apostólica ao Quénia, Uganda e República Centro-Africana”, assinalou.

Na República Centro-Africana, “país longamente atribulado pela fome, a pobreza e os conflitos”, Francisco quis deixar a 29 de novembro do último ano um “sinal de encorajamento” para as vítimas da “violência fratricida”.

“Ali, onde se abusou do nome de Deus para cometer injustiça, quis reiterar, juntamente com a comunidade muçulmana da República Centro-Africana, que quem afirma crer em Deus deve ser também um homem ou uma mulher de paz e, consequentemente, de misericórdia”, precisou.

O Papa afirmou depois que convivência pacífica entre membros de religiões diferentes é possível quando "se reconhece a liberdade religiosa e se assegura uma real possibilidade de colaborar para a edificação do bem comum, no respeito mútuo da identidade cultural de cada um".

O encontro começou com as palavras de saudação do novo decano do Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé, o embaixador de Angola, Armindo Fernandes do Espírito Santo Vieira.

OC

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