segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Grandes cidades: pessoas que vivem nas ruas

São considerados subumanos, material sobrante ou lixo, quando não ameaças a ordem pública.
Por Dom Roberto Francisco Ferreria Paz*
Dentre os rostos sofredores que doem em nós, o documento de Aparecida no nº 407 inicia com a população de rua cada vez mais numerosa nas grandes e médias cidades da América Latina. Muitas vezes são motivo de políticas de higienização ou maquiagem estética dos centros urbanos, mas a omissão e a indiferença éa tônica habitual e costumeira. 
São considerados subumanos, material sobrante ou lixo, quando não ameaças a ordem pública. Neste Ano Jubilar da Misericórdia devemos faze ruma opção decidida por esta população tão sofrida, nosso olhar e nossa agenda tem que estar focada nestes pequeninos, que revelam o Rosto do Cristo Pobre, abandonado e sofredor. 
Não basta aproximar-se para levar um prato de sopa ou cobertor, o que sem dúvida é um sinal de sensibilidade, mas importa estabelecer uma amizade e empatia  que nos leve a conhecer e a compartilhar o drama de cada um/a. 
Esquecemos muitas vezes que toda política de resgate e promoção humana integral, inicia com o processo de humanização do relacionamento, o que exige personalização no trato, não uma ação genérica e massificante. Quando foi feita uma sondagem que buscava conhecer o que eles queriam dos atendentes sociais, eles responderam quase unanimemente, que nos deixem usar os banheiros. 
Querem ser tratados como gente que são, filhos de Deus, cidadãos que tem direitos, pessoas que tem dignidade, sujeitos e protagonistas da sua história. A Pastoral do Povo de Rua, tem como missão ser presença junto a multidão dos excluídos e marginalizados, que moram nas ruas, viadutos, ruínas, e lixões das nossas cidades, reconhecendo os sinais de Deus presentes na sua história, desenvolvendo ações que transformem a situação de exclusão, de indiferença e invisibilidade, em projetos de vida para todos, construindo uma cidade que acolha, inclua e valorize estes nossos irmãos/ãs. 
Que o Deus que nasceu numa lapinha, sem ter abrigo a não ser numa estrebaria e numa manjedoura, nos leve a assumir um cuidado fraterno e solidário deste povo que habita e perambula nas nossas ruas. Deus seja louvado!
CNBB 26-01-2016.
*Dom Roberto Francisco Ferreria Paz é bispo de Campos (RJ).

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