A mostra será exibida de 23 de fevereiro a 5 de março com entrada gratuita.
A obra de um dos principais nomes do Expressionismo Alemão, Friendrich Wilhelm Murnau, será exibida no Cine Humberto Mauro. Com filmes realizados entre 1919 e 1931, o diretor se destacou pela estratégias cinematográficas utilizadas para retratar o espírito de seu tempo, inventividade que atravessou os anos e fez do cineasta um dos diretores mais influentes de todos os tempos. Em seus filmes, retratava os principais questionamentos e grandes críticas à sociedade alemã da época, que vivia em pleno modernismo, ainda se recuperando da Primeira Guerra Mundial.
O Expressionismo Alemão foi um movimento cinematográfico nascido na Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, durante a república de Weimar em um país que enfrentava uma forte crise econômica e social. Com grande influência dos movimentos de vanguarda europeia, o Expressionismo buscava representar o interior humano, externalizando angústias, fantasias, sonhos e a própria subjetividade de um povo e sua época.
A Mostra é composta por 12 filmes, em formato digital, entre eles Nosferatu e Aurora. Para Bruno Hilário, um dos curadores e coordenador do Cine Humberto Mauro, trata-se de uma seleção robusta, que reúne obras importantes e de difícil acesso. “Apesar de não conter todos os filmes do diretor, até porque alguns se perderam, consideramos este um recorte importante”, ressalta.
Para alcançar sua estética singular, Murnau utilizava jogos de sombra, a fim de criar um ambiente em que real e imaginário se misturavam e optava por angulações transversais, que evidenciavam diferentes componentes do cenário. Seus longas ganharam reconhecimento por conter elementos do expressionismo e do realismo, sendo esse um de seus diferenciais em comparação a outros cineastas de seu tempo.
Nosferatu, seu primeiro grande sucesso, destacou-se por usar artifícios que demonstravam a realidade de forma subjetiva, representando todo o cenário alemão pós guerra, e o sentimento de medo e vergonha que pairava pelo país. Além deste, ganham destaques A Última Gargalhada, Aurora e Tabu. No ápice do cinema mudo o longa Aurora ganhou, na primeira edição do Oscar, o prêmio de Melhor Filme e figura até hoje como uma das obras mais importantes e icônicas da História do Cinema. Aurora foi também o filme em que Murnau contou com maior liberdade criativa.
Para Bruno Hilário a mostra tem um grande significado pela representatividade de Murnau para o cinema mundial. “Não é fácil apontar um movimento ou um diretor específico que tenha sido influenciado por ele. Murnau foi um cineasta que, de alguma forma, inspirou a todos os diretores de cinema. É uma oportunidade do público conhecer ou rever trabalhos de um nome tão importante”, comenta.
Friedrich Wilhelm Murnau – Murnau ascendeu no contexto de guerra vivido na Alemanha. Depois de lutar na Primeira Grande Guerra, o cineasta gravou filmes que tratavam das principais mazelas do homem de sua época e dos problemas causados pela guerra.
Após uma carreira de muito sucesso na Alemanha, foi convidado a trabalhar nos EUA, onde realizou o filme Aurora – considerado uma das grandes obras primas do cinema mundial. Homossexual assumido, Friedrich Wilhelm Murnau investigou em Tabu a sexualidade humana, no filme abordava como homens e mulheres – heterossexuais e homossexuais – lidavam com questões de sexo, gênero e relacionamento. Murnau teve uma das carreiras mais brilhantes e intensas do cinema. Morreu em 11 de março de 1931, Morreu em 11 de março de 1931, em decorrência de um acidente automobilístico.
Expressionismo Alemão – Surgiu após a Primeira Guerra Mundial, em uma Alemanha pré-nazista, durante a república de Weimar, e teve influência de autores como Goethe, Edgar Allan Poe, Dostoyevsky, Nietzsche, Freud, o pintor Edvard Munch, entre outros. Foi um movimento importante que refletia o lado pessimista da vida, a verdadeira face da modernização e os sentimentos mais profundos do ser humano. Além de Murnau, destacou-se também o cineasta Robert Wiene, com O Gabinete do Dr. Caligari (1920).
No cinema, caracterizava-se por cenários surreais, distorcidos e jogos de luzes, que buscavam levar drama ao público. Os atores representavam personagens bizarros e assustadores com maquiagens carregadas e atuações extremamente dramáticas, criando uma atmosfera fúnebre e um sentimento de horror ao expectador.
Na pintura, os expressionistas usavam cores fortes e puras, remetendo ao sobrenatural. Não se comprometiam com a realidade externa, mas com os sentimentos internos e força psicológica, levando ao expectador composições agressivas e retorcidas. O principal representante do expressionista é o artista norueguês Edvard Munch e seu trabalho O Grito.
Mostra F.W. Murnau: Sombras e Poesia
Período: 23 de fevereiro a 05 de março
Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1537 – Centro
Entrada gratuita, com retirada de ingressos 30 minutos antes de cada sessão
Informações para o público: (31) 3236-7400
Fundação Clóvis Salgado
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