Além de escritor, ele se destacou como semiólogo.
Atualizada às 9h32
O escritor e filósofo italiano Umberto Eco, autor do conhecido livro "O nome da rosa", faleceu aos 84 anos - anunciou a imprensa local nesta sexta-feira à noite.
Eco morreu em casa, às 21h30 locais desta sexta (18h30, horário de Brasília), de acordo com a edição on-line do jornal La Repubblica, que falou com a família do autor.
O escritor, que vivia em Milão (norte), há tempos lutava contra o câncer.
Nascido em Alessandria, no norte da Itália, em 5 de janeiro de 1932, Umberto Eco estudou Filosofia na Universidade de Turim e dedicou sua tese ao "problema estético em Tomás de Aquino".
Aproximando-se dos 50 anos, ganhou o mundo com seu primeiro romance publicado, em 1980. "O nome da rosa" vendeu milhões de exemplares e foi traduzido em 43 idiomas.
O livro foi adaptado para o cinema, em 1986, pelo francês Jean-Jacques Annaud, com Sean Connery no papel do monge franciscano Guillaume de Baskerville, o ex-inquisidor encarregado de investigar a morte suspeita de uma freira em uma abadia do norte da Itália.
"Umberto Eco, um dos intelectuais mais conhecidos da Itália, morreu", estampa em sua edição digital o jornal Corriere della Sera.
"Umberto Eco teve uma presença importante na vida cultural italiana dos últimos 50 anos, mas seu nome permanecerá ligado, a nível internacional, ao extraordinário sucesso de seu romance 'O nome da rosa'", acrescentou o principal jornal italiano.
"O mundo perde um dos homens mais importantes de sua cultura contemporânea", publica La Repubblica em sua página na Internet.
Umberto Eco e outros grandes nomes da literatura italiana decidiram em novembro passado deixar a editora histórica Bompiani, comprada recentemente pelo grupo Mondadori (de propriedade da família Berlusconi), para se juntarem a uma editora nova e independente batizada "La nave di Teseo" (o navio de Teseo, o mítico rei de Atenas).
Escritura, 'uma brincadeira de criança'
Poliglota, casado com uma alemã, Eco lecionou em várias universidades, especialmente em Bolonha (norte), onde ocupou a cadeira da semiótica até outubro de 2007, quando se aposentou.
Eco explicou que demorou para embarcar no gênero da ficção porque "considerava a escritura romanesca como uma brincadeira de criança que ele não levava a sério".
Depois de "O nome da rosa", ele ofereceu aos seus leitores "O Pêndulo de Foucault" (1988), "A Ilha do Dia Anterior" (1994) e "A Misteriosa Chama da Rainha Loana" (2004). Seu mais recente romance, "Número zero", publicado em 2014, é um thriller contemporâneo centrado no mundo da imprensa.
Ele também é o autor de dezenas de ensaios sobre temas tão diversos como a estética medieval, a poética de Joyce, a memória vegetal, James Bond, a história da beleza ou da feiura.
"A beleza se situa dentro de certos limites, enquanto a feiura é infinita, de modo mais complexo, mais variado, mais divertido", explicou em uma entrevista em 2007, acrescentando que sempre "teve afeição por monstros".
Militante de esquerda, Eco não foi um escritor trancado em sua torre de marfim, sua abertura não o impediu de ter um olhar crítico para com a evolução da sociedade moderna.
"As redes sociais deram o direito à palavra a legiões de imbecis que, antes, só falavam nos bares, após um copo de vinho e não causavam nenhum mal para a coletividade", declarou recentemente, lembra o jornal Il Messaggero.
"Nós os fazíamos calar imediatamente, enquanto hoje eles têm o mesmo direito de palavra do que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis", havia dito.
AFP
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