2016-02-18 Rádio Vaticana
O Papa no México recebeu o colhimento extraordinário de um povo que lhe manifestou grande afecto e estima. Mas que mensagem deixa Francisco às pessoas deste grande país latino-americano? Responde o Director da revista 'Civiltà Cattolica', Padre Antonio Spadaro:
“A mensagem do Papa é uma mensagem que quer abrir esta sociedade, que às vezes vive resignada ou vive oprimida por tensões ligadas à violência, ao narcotráfico... não há uma esperança para os jovens. E então, o Papa diz: “Os jovens não são somente a esperança da sociedade e da Igreja, mas são a sua riqueza”. Interessante também o facto de que o Papa une a sabedoria ancestral do México, rico de línguas, culturas diversas, a serem valorizadas – portanto a sabedoria dos anciãos, dos antigos – e por outro lado diz que a sociedade deve oferecer oportunidades de crescimento, porque de outra forma esta riqueza, esta capacidade de expressar a riqueza, evapora. Assim, é uma grande mensagem de fé, de fé no Senhor Jesus que é capaz de salvar um povo, uma sociedade que vive em dificuldades e, ao mesmo tempo, a valorização de uma energia da alma popular do México, do “modo de viver mexicano”, como ele definiu”.
O centro permanece também Nossa Senhora de Guadalupe. Um ponto de referência para todos os mexicanos, crentes e também não crentes...
“Se considerarmos as três viagens que o Papa Francisco fez nestes últimos meses a Cuba, Estados Unidos e México, vemos que o ponto que as une é precisamente a devoção mariana: à Nossa Senhora do Cobre, em Cuba, à Imaculada Conceição, em Washington e à Nossa Senhora de Guadalupe, que é a Padroeira da América. A coisa importante é o modo como o Papa vê Nossa Senhora de Guadalupe: é que nela, ou melhor, em seus olhos, vê reflectido o povo. Isto é, o povo se reflecte nos olhos de Nossa Senhora. Na pintura parece que nas pupilas da Virgem, olhando no microscópio, é possível ver uma cena de pessoas que estão diante dela. Então, esta relação filial com Maria vive do facto que em seus olhos o povo pode se reflectir, se reconhecer”.
Na sua opinião, esta viagem serve também para encorajar a Igreja mexicana, para fazer com que ela se torne mais audaz?
“Certamente, o Papa solicitou muito à Igreja local, com os seus discursos, mas também com uma dedicação que encontrei no Seminário de Ecatepec. Naquele Seminário, o Papa assinou uma dedicação dizendo: “Que possam ser pastores do povo fiel de Deus e não clérigos do Estado”, e repetiu-a novamente aos religiosos. Como se dissesse: Atenção, porque a Igreja corre o risco de não desempenhar o seu papel estando nesta condição, caso se feche em si mesma, reivindicando os próprios privilégios, os próprios direitos, tornando-se em qualquer modo uma burocracia. Então, não: aqui existe a necessidade de um envolvimento popular profundo. Nisto, o Papa foi absolutamente claro. Portanto, um grande desafio para a Igreja, para a sociedade civil, mas certamente para o papel que a Igreja tem dentro da sociedade”. (BS/JE)
(from Vatican Radio)
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