sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Um sobrevivente de Auschwitz, na terra de São Francisco

Testemunho dramático de Pedro Terracina comove Assis

Judeu
 Em visita a Assis na quarta-feira (3), Piero Terracina, judeu que sobreviveu a Auschwitz, depois de visitar o Museu da Memória, contou sua terrível experiência durante a perseguição racial.
O testemunho teve lugar no salão da Espoliação diante do bispo da diocese de Assis, Nocera Umbra, Gualdo Tadino, Dom Domenico Sorrentino, do prefeito Antonio Lunhgi e dos alunos do ensino médio da Escola Santa Maria degli Angeli e do ensino fundamental da Escola Properzio Assis .
Uma história comovente contada pelo próprio protagonista para não se perder a memória daqueles terríveis anos que marcaram um triste capítulo da nossa história. Terracina refez todos os percursos trágicos de sua vida: da prisão ao esconderijo em Roma até a deportação para Auschwitz, depois, a libertação pelos soviéticos e o retorno à Itália.
Todos os detalhes da história: a viagem de ida, que o levou a percorrer “dois mil quilômetros, no caminho para a morte, com 64 pessoas empilhadas em um vagão onde não havia espaço para sentar, obrigado a fazer as necessidades em um balde que transbordava à noite”.
Perceptível nas palavras de Terracina a dor daqueles que viveram uma tragédia inacreditável, que marcou sua vida e agora, ele se sente no dever de contar aos outros para que “alguma coisa deste dia permaneça. A memória é como um fio que passa através das gerações; e passa rumo ao futuro. Saibam passá-la no futuro, porque o futuro pertence a vocês. Eu espero que assim o passado não volte e que o conhecimento possa servir para que o passado não se repita. Agora, esta é a minha missão”.
Apesar do desespero e da dor experimentados, também pela perda de todos os seus entes queridos dos quais nunca mais ouviu falar depois da deportação, Terracina destacou três sentimentos que marcaram a sua reintegração social: a amizade depois das leis raciais e no campo de concentração, a solidariedade das pessoas que o ajudaram após a libertação, e a liberdade que todos deveriam desfrutar.
“Queridos jovens – disse ele – não se deixem atrair por falsos ídolos. Pensem sempre com a cabeça e saibam dizer não para o mal uns para com os outros”. Os estudantes ficaram profundamente comovidos e levantaram várias questões, especialmente quando viram a marca “A5506” no braço, com a qual ele começou sua segunda vida em Auschwitz.
“Desde aquele dia, eu não tinha mais um nome, eu era apenas um número”. Dom Sorrentino, em seguida, agradeceu Terracina pelo “testemunho, em um lugar de acolhimento, onde Dom Placido Nicolini abraçou muitos judeus, salvando-os daquele triste fim. É importante olhar para o passado para evitar que o que aconteceu no passado não aconteça no futuro. Para tomar as medidas certas no futuro, devemos ter uma bússola – acrescentou o prelado -. Vir a este local significa avaliar-se com critérios. Nesta sala São Francisco não foi despido de maneira bárbara, despojou-se de si mesmo para afirmar: “eu vivo uma vida doada para amar”. Se seguíssemos os seus passos, de quem seguiu os de Jesus, essas coisas não teriam acontecido, nem aconteceria o que está acontecendo hoje. Como se constrói a paz – exclamou Dom Sorrentino – se não somos capazes, pela graça, de estender o véu do perdão! “.
O bispo então presenteou Piero Terracina com alguns livros, incluindo o “Laudato Si. Do Cântico do Irmão Sol à encíclica do Papa Francisco”. O prefeito presenteou-o com o emblema da cidade de Assis e os jovens o cercaram com muito carinho, pediram autógrafo, tiraram fotos e agradeceram pelo testemunho.
Zenit

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