A desagregação da família tem graves consequências culturais, sociais, políticas, econômicas e existenciais
ALETEIA TEAM 16 DE MARÇO DE 2016
O arcebispo da diocese italiana de Campobasso-Bojano, dom Giancarlo Bregantini, é um dos grandes nomes da Igreja no debate sobre as rápidas mudanças antropológicas que afetam o mundo, em especial nos países do Ocidente. Entre os assuntos sob atenta observação do arcebispo os ligados à desagregação da família e suas consequências culturais, sociais, políticas e econômicas.
Algumas das suas considerações para reflexão e debate:
A família hoje não é mais vista como “atrativa” pelas gerações mais jovens. O próprio conceito de família se torna cada vez mais diluído, relativista e distante da noção de comprometimento recíproco entre um homem e uma mulher que se amam, se complementam e, cheios de esperança e entusiasmo, geram vida nova. Dá-se preferência, nessa atual visão descompromissada de “família”, à satisfação das próprias carências, projeções egocêntricas, devaneios sentimentais e instintos hedonistas. A natureza da união matrimonial também é cada vez mais atrelada aos interesses de ideologias políticas do que ao entendimento objetivo da essência da pessoa humana e da sua dimensão relacional.
A queda nos índices de natalidade, que é cada vez mais grave em vários países desenvolvidos, está ligada a uma crise de valores relativos à visão de “sucesso pessoal”, que prioriza as aparências externas de “êxito” e acaba “afetando o olhar para o futuro”: antes de ter filhos, os casais se veem mais forçados a avaliar “riscos e vantagens” do que incentivados a participar, por presente de Deus, na criação e no cuidado da vida humana por amor.
O materialismo, a ganância e a aplicação “selvagem” do capitalismo torna precárias as relações afetivas: o horizonte dos anseios e propósitos individuais é imediatista e carece de confiança na vida, nas instituições e no futuro.
Existe uma grande confusão educacional no coração dos jovens no tocante ao que é a família: quando quaisquer uniões civis são equiparadas, perde o sentido investir em uma família, com todas as dificuldades atuais e futuras envolvidas nesse empreendimento de uma vida inteira. A família deixa de ser vista como atrativa e não é mais mostrada como bela.
Junto com o enfraquecimento do conceito de família, a crise demográfica ameaça ainda mais a sensação de segurança das pessoas, fazendo-as sentir a “precariedade da própria existência”: enquanto diminui o número (e o vigor existencial) dos jovens, aumenta o número (e a angústia) de idosos mais sujeitos à solidão e ao abandono.
Para que haja condições de renascimento da família, são necessárias também medidas concretas de ajuda institucional e política, particularmente em defesa do valor da maternidade, que é um “baluarte contra as crises do nosso tempo”. Conclui o arcebispo: “A vida é como a música dormente entre os muitos barulhos de um mundo indiferente, mas ressoa assim que lhe prestamos a nossa mais íntima escuta”.
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