Famosos e anônimos assinam texto pela defesa dos valores democráticos.
'Dizemos não a qualquer tentativa de golpe', diz trecho do texto.
Chico Buarque ao lado de Dado Villa-Lobos durante gravação da musica (Foto: Reprodução/YouTube)
Do G1 Rio
Chico Buarque é um signatários de manifesto de escritores e profissionais do livro pela democracia (Foto: Reprodução/YouTube)
Já passa de 2.500 o número de assinaturas do Manifesto dos escritores e profissionais do livro pela democracia, que tem famosos como Chico Buarque, Laerte e Elisa Lucinda entre os seus signatários. Publicado na última segunda (21) no Avaaz, um site de petições online, e também em um grupo fechado no Facebook, o texto se posiciona “pela defesa dos valores democráticos e pelo exercício pleno da democracia”.
Para o livreiro Daniel Bandeira Louzada, de 41 anos, que, junto a Alberto Schprejer, Haroldo Ceravolo, Ivana Jinkings, Marcelo Moutinho e Rogério de Campo, é responsável pelo manifesto, o momento atravessado pelo país é de ameaças concretas à democracia e ataques a direitos fundamentais garantidos pela constituição.
“É notório o absoluto clima de intolerância que está se instalando na sociedade brasileira. Qualquer argumento é tomado como laudatório de um lado, entra como parte da disputa política no varejo. O que o nosso manifesto argumenta é que o debate não pode ser diminuído por conta desse contexto e que valores maiores estão sendo concretamente ameaçados. A cultura e o livro são sempre as primeiras vítimas da intolerância política”, afirma ele, que é dono da tradicional livraria Leonardo da Vinci, no Centro do Rio, que está fechada para reformas.
Ainda segundo Daniel Louzada, os signatários são de orientações políticas distintas.
Confira abaixo o texto na íntegra:
“Nós, abaixo assinados, que escrevemos, produzimos, publicamos e fazemos circular o livro no Brasil, vimos nos manifestar pela defesa dos valores democráticos e pelo exercício pleno da democracia em nosso país, de acordo com as normas constitucionais vigentes, no momento ameaçadas.
Não podemos imaginar a livre circulação de ideias em outra ordem que não seja a da diversidade democrática, gozada de forma crescente nas últimas décadas pela sociedade brasileira, que é cada vez mais leitora e tem cada vez mais acesso à educação.
Ainda podemos nos recordar facilmente dos tempos obscuros da censura às ideias e aos livros nos 21 anos do regime ditatorial iniciado em 1964.
A necessária investigação de toda denúncia de corrupção, envolvendo a quem quer que seja, deve obedecer às premissas da legalidade e do Estado democrático de direito.
O retrocesso e a perda dos valores democráticos não interessam à maioria do povo brasileiro, no qual nos incluímos como profissionais dedicados aos livros e à leitura.
Ao percebermos as conquistas democráticas ameaçadas pelo abuso de poder e pela violação dos direitos à privacidade, à livre manifestação e à defesa, combinadas à agressividade e intolerância de alguns, e à indesejada tomada de partido por setores do Poder Judiciário, convocamos os profissionais do livro a se manifestarem em todos os espaços públicos pela resistência ao desrespeito sistemático das regras básicas que garantem a existência de um Estado de direito.
Dizemos não a qualquer tentativa de golpe e, mais forte ainda, dizemos sim à Democracia.”
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