terça-feira, 1 de março de 2016

Óscares 2016: Jornal do Vaticano diz que «Spotlight» «não é filme anticatólico»

(Lusa)

Cidade do Vaticano, 29 fev 2016 (Ecclesia) - O jornal do Vaticano destaca na sua edição de hoje a obra norte-americana ‘Spotlight’, vencedora do Óscar de melhor filme na noite de domingo, e afirma que o mesmo “não é anticatólico”.

‘O caso Spotlight’, do realizador Tom McCarthy, ganhou também o Óscar de melhor argumento original, e relata a investigação jornalística do ‘Boston Globe’ que em 2002 revelou os abusos sexuais de menores na Igreja Católica na Diocese de Boston, Estados Unidos da América.

“Não é um filme anticatólico porque consegue dar voz ao desespero e à profunda dor dos fiéis perante a descoberta destas realidades horríveis”, refere o ‘Osservatore Romano’, na página dedicada à cerimónia deste domingo.

No discurso em que agradeceu a distinção, McCarthy disse que o filme "deu voz" aos sobreviventes daqueles abusos.

Segundo o jornal do Vaticano, o filme não visa o catolicismo, apesar das “inevitáveis” generalizações”, e tem a “coragem de denunciar casos que têm de ser condenados sem qualquer hesitação”.

O artigo elogia a documentação “substancialmente séria e credível” que dá vida a um trabalho considerado “muito pouco hollywoodesco”.

“Em demasiadas ocasiões, a instituição eclesiástica não soube reagir com a necessária determinação perante estes crimes”, refere o jornal do Vaticano, que elogia, por outro lado, a ação do então cardeal Joseph Ratzinger, o Papa emérito Bento XVI, na gestão destes casos.

"Na narrativa não é dado espaço à longa e tenaz luta que Joseph Ratzinger, como prefeito da Congregação Para a Doutrina da Fé e como Papa, empreendeu contra a pedofilia na Igreja", acrescenta o texto, em relação ao filme.

Para o jornal do Vaticano, o facto de se ter ouvido um apelo ao Papa Francisco para que combata estes casos mostra que “ainda há confiança na instituição, há confiança num Papa que continua a limpeza iniciada pelo seu predecessor”.

“Ainda há confiança numa fé que tem no seu coração a defesa das vítimas, a proteção dos inocentes”, acrescenta o artigo.

OC

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