quarta-feira, 16 de março de 2016

Vaticano: Papa pede «portas e corações» abertos aos migrantes


Agência Ecclesia 16 de Março de 2016, às 11:45       

Francisco falou sobre «misericórdia e consolação» a partir do livro do profeta Jeremias

Cidade do Vaticano, 16 mar 2016 (Ecclesia) – O Papa explicou hoje que existem situações como “a solidão, o sofrimento e a morte” que fazem as pessoas sentirem-se “abandonadas por Deus”, como hoje os migrantes “forçados a deixar a pátria” e outrora o exílio de Israel.

“Muitos dos nossos irmãos estão a viver neste momento uma situação real e dramática de exílio, longe de sua terra natal, com os olhos ainda nos escombros de suas casas, no coração de medo e, muitas vezes, infelizmente, a dor pela perda de entes queridos”, referiu na audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro.

Segundo Francisco, nestes casos, podem surgir perguntas, como: “Onde está Deus? Como é que tanto sofrimento cai sobre homens, mulheres e crianças inocentes?”

Neste contexto, aos mais de 25 mil fiéis presentes no Vaticano, recordou os migrantes que “sofrem” e quando procuram refúgio noutros países encontram as “portas e os corações fechados, não sentem acolhimento” e ficam na “fronteira”.

“Os migrantes de hoje que sofrem, que sofrem a céu aberto, sem alimento, e não podem entrar, não sentem acolhimento. Gosto de ver as nações, os governantes que abrem o coração e abrem as portas”, observou.

Na audiência intitulada ‘Misericórdia e Consolação’, onde foi lida uma passagem bíblica do Livro de Jeremias (31,10.12a.13 b), o Papa explica que o profeta dá uma primeira resposta e revela ao povo exilado de Israel que “vai voltar a ver a sua terra e experimentar a misericórdia de Deus”.

“É o grande anúncio de consolação: Deus não está ausente, está perto, e faz grandes obras de salvação para aqueles que confiam Nele. Não devemos ceder ao desespero, mas continuar confiantes de que o bem vence o mal e que o Senhor enxugará todas as lágrimas e livra-nos do medo”, desenvolveu.

Francisco, no contexto do exílio, disse que no seu pensamento estava com a Albânia que, “depois de tanta perseguição e destruição”, conseguiu reerguer-se na dignidade e na fé”; país do leste da Europa que visitou em setembro de 2014.

Na audiência pública semanal, o Papa destacou que Jesus deu o “pleno cumprimento” à mensagem do profeta que anunciou o retorno dos exilados como “um grande símbolo de consolo dado ao coração que se arrepende”.

“O verdadeiro e radical regresso do exílio e a luz consoladora depois da provação da fé realiza-se na Páscoa, experiência plena e definitiva do amor misericordioso de Deus”, observou Francisco.

No final do encontro, o Papa saudou os peregrinos de várias línguas, incluindo os de língua portuguesa, dirigindo-se a “diversas comunidades escolares de Portugal”.

“Desejo-vos que nada e ninguém possa impedir-vos de viver e crescer na amizade de Deus Pai; mas deixai que o seu amor sempre vos regenere como filhos e vos reconcilie com Ele, com vós mesmos e com os irmãos. Desça, sobre vós e vossas famílias, a abundância das suas bênçãos”, desejou.

CB/HM

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