Sofrendo de toxoplamose macrocefálica, a mulher foi dada como morta no nascimento. Passou por grandes sofrimentos, mas o seu caso permitiu que os médicos salvassem centenas de crianças atingidas pela mesma patologia
Anos 60. Rafaela e Danilo são um casal feliz. Casam-se muito jovens. Ele é bastante criativo e desde sempre trabalha no mundo da moda, ela é um doce e de uma beleza extraordinária. Se amam muito, nasce a sua primeira filha, Lara, então, depois de alguns anos, Rafaela, desejosa de se tornar ainda mãe, está esperando a segunda, Veruska, quando descobre que vem com toxoplasmose.
Em um dia brilhante para a família Bertoldo, Raffaella Geromel dá à luz a uma menina doente com toxoplasmose macrocefálica. A sua vida muda, a criança é imediatamente internada na enfermaria pediátrica de Pádua.Veruska está sofrendo de uma doença rara, que é estudada, e a sua pequena vida escreve por si só um testemunho extraordinário de amor, de paz e de fé.
Contra todas as probabilidades da medicina do tempo (a história remonta a 43 anos atrás) ninguém dá mais do que três anos de vida para Veruska: o amor de uma mãe que se dedica a ela e de um pai que a cuida todas as noites, permitem que Veruska viva 29 anos, dando assim o testemunho de que o amor é mais poderoso do que qualquer medicamento.
“Quando nasceu a menina me disseram que estava gravemente enferma – disse à ZENIT Raffaella – a nossa vida mudou completamente. Ela era o terceiro caso de Pádua. Imediatamente chamou a atenção dos luminares que, na época se perguntavam precisamente o que poderia ser feito para aliviar a pressão no crânio”.
“Ela foi operada umas três vezes – continua a mãe – . Embora não pudesse caminhar nem falar, a sua presença nos permitiu experimentar a vida como um dom. Depois do nascimento de Veruska, a nossa vida tornou-se a medida de uma criança, ela foi a experiência mais importante da nossa vida. Desde que lhe deram alta e estudaram o seu caso, centenas de crianças foram salvas”.
“Veruska foi o terceiro caso de toxoplasmose – disse o pai Danilo – e foi o único que foi salvo. As outras crianças tinham morrido logo após o nascimento. Ainda vivo hoje da recordação do que a vida extraordinária da minha filha me deu: a sua presença, a sua vida que continuava a fluir na doçura, me lembrava a cada dia que a existência de cada ser humano é extraordinária e irrepetível”.
“Nossa filha foi um presente para nós, ela é um milagre. Estar ao lado dela, tê-la amado profundamente, fez da sua existência uma presença viva que nem mesmo a morte conseguiu dissipar. Ela vive conosco, a sua presença nos recorda cada dia o grande compromisso do ser humano que deve amar sem limites todos os dias. A vida é um dom, agradecemos a Deus por tê-la tido tão perto, porque nos fez experimentar o seu amor e a sua graça”.
É ainda a mãe de Raffaela que testemunha que “viver ao seu lado foi uma experiência extraordinária; uma eterna criança que, os nossos cuidados, o fato de tê-la amado muitíssimo, fez com que não lhe aparecessem feridas. Até os médicos ficaram surpresos de como a nossa criança conseguisse levar aquela vida. O amor de uma mãe é mais forte e supera toda doença. Chorei muito quando soube que ela estava gravemente enferma, ainda assim servi e doei a minha juventude para a minha criança, a única ajuda foi Deus, invoquei-o para que apoiasse e ajudasse a minha criança a não experimentar a dor”.
Os médicos haviam dito à Rafaela que a sua filha sofria dores excruciantes, por causa da doença, então a mãe a acariciava e a acariciava para acalmar as crises. “A todas as mães que passam por um sofrimento assim tão grande, aconselho que fiquem ao lado das suas crianças, elas são um dom, é preciso acolhê-las e amá-las”, diz Raffaella.
“Sinto muito a falta da minha criança – continua – ela todos os dias nos dá a força para seguir em frente, apesar das dores da sua ausência. Há 12 anos partiu, mas nós nunca paramos de pensar nela e de procurar a sua presença na nossa vida. Até aquele momento nunca fizemos a experiência da dor e do sofrimento: a sua existência nos fez compreender o que significa entrar no coração de Deus”.
“Também eu, nesta fase da minha vida, estou passando por um período de sofrimento físico, mas a presença da minha filha continua a iluminar a minha vida e a de todos aqueles que a conheceram. O sofrimento é um mistério, o único modo de superar o sofrimento e a morte é o amor e a fé. Sei que é muito pesado aceitar a doença de um filho, é um grande sofrimento, muitos pais rejeitam aceitar a dor, eu mesmo fiz isso e descobri que existe um grande mundo de amor, de alegria e de paz”.
De acordo com a Sra Geromel, “o sofrimento das crianças nos insta a dar muito, a dar-nos totalmente, sem pensar no pior, mas apreciando a presença destes anjos e destes milagres que acontecem na nossa vida”.
“As crianças que sofrem são a presença viva de Cristo, são um sinal da sua paixão e do seu amor, são uma luz que nos sacode e nos chama a comprometer-nos a amar e a sorrir, porque a vida sem amor é vazia”. Zenit
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