Papa Francisco durante discurso aos refugiados / Foto: Captura de imagem do Youtube
Lesbos, 16 Abr. 16 / 09:00 am (ACI).- O Papa Francisco, em uma breve viagem neste sábado, 16, à ilha grega de Lesbos, visitou pouco depois do meio dia (hora local) o Campo de Refugiados de Mória. O Pontífice chegou a um micro-ônibus acompanhado pelo Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia, Jerónimo, e pelo Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu.
O Santo Padre recordou aos refugiados que “não estão sozinhos” e compartilhou seu desejo de estar com eles, sabendo o quanto sofrem ao se verem obrigados a fugir, buscando construir uma nova vida pelo bem de seus filhos.
A seguir, a íntegra do discurso do Papa:
Queridos irmãos e irmãs!
Desejei vir estar convosco hoje. Quero dizer-vos que não estais sozinhos. Ao longo destes meses e semanas, sofrestes inúmeras tribulações na vossa busca duma vida melhor. Muitos de vós sentiram-se obrigados a escapar de situações de conflito e perseguição, sobretudo por amor dos vossos filhos, dos vossos pequeninos. Suportastes grandes sacrifícios por amor das vossas famílias. Experimentastes a amargura de ter deixado para trás tudo o que vos era querido e – o que é talvez mais difícil – sem saber o que o futuro vos reservava. Há ainda muitos outros, como vós, que se encontram à espera, em campos de refúgio ou na cidade, ansiando construir uma nova vida neste continente.
Vim aqui com os meus irmãos, o Patriarca Bartolomeu e o Arcebispo Hieronymos, apenas para estar convosco e ouvir os vossos dramas. Viemos a fim de chamar a atenção do mundo para esta grave crise humanitária e implorar a sua resolução. Como pessoas de fé, desejamos unir as nossas vozes para falar abertamente em vosso nome. Esperamos que o mundo preste atenção a estas situações de trágica e verdadeiramente desesperada necessidade e responda de modo digno da nossa humanidade comum.
Deus criou o género humano para ser uma única família; quando sofre algum dos nossos irmãos ou irmãs, todos nos ressentimos. Todos sabemos por experiência como é fácil, para algumas pessoas, ignorar as tribulações dos outros e até aproveitar-se da sua vulnerabilidade; mas sabemos também que estas crises podem fazer despontar o melhor de nós mesmos. Viste-lo em vós próprios e no povo grego, que, apesar de imerso nas suas próprias dificuldades, respondeu generosamente às vossas necessidades. Viste-lo também em muitas pessoas, sobretudo jovens originários de toda a Europa e do mundo, que vieram ajudar-vos. É verdade que ainda há muitíssimo a fazer; mas damos graças a Deus porque, nos nossos sofrimentos, nunca nos deixou sozinhos. Há sempre alguém que pode dar uma mão para nos ajudar.
Esta é a mensagem que, hoje, vos quero deixar: não percais a esperança! O maior presente que podemos oferecer uns aos outros é o amor: um olhar misericordioso, a solicitude por nos ouvirmos e compreendermos, uma palavra de encorajamento, uma oração. Oxalá possais partilhar este presente uns com os outros. Nós, cristãos, gostamos de contar o episódio do Bom Samaritano, um estrangeiro que viu um homem necessitado e, imediatamente, se deteve para o socorrer. Para nós, é uma parábola alusiva à misericórdia de Deus, que se destina a todos (Ele é o Misericordioso); mas é também um apelo a demonstrarmos a mesma misericórdia àqueles que passam necessidade. Que todos os nossos irmãos e irmãs, neste continente, possam – à semelhança do Bom Samaritano – vir em vosso auxílio, animados por aquele espírito de fraternidade, solidariedade e respeito pela dignidade humana que caracterizou a sua longa história.
Queridos irmãos e irmãs, que Deus vos abençoe a todos, especialmente às vossas crianças, aos idosos e àqueles que sofrem no corpo e no espírito. A todos vos abraço com afeto. Sobre vós e quem vos acompanha, invoco os dons divinos da fortaleza e da paz.
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