quinta-feira, 7 de abril de 2016

O Mistério Pascal

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Se por caminhos humanos há limitações para o tema, o mesmo não acontece pela fé.
Quais as razões de Jesus para aceitar ser torturado, pregado e ser morto numa cruz?
Quais as razões de Jesus para aceitar ser torturado, pregado e ser morto numa cruz?
Por Dom Rodolfo Luis Weber*
As celebrações da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo constituem um mistério. É mistério porque ultrapassa a capacidade humana de compreender, de explicar e de fundamentar em argumentos racionais os fatos celebrados. Como explicar que Cristo, mestre e senhor, lave os pés dos discípulos? Quais as razões de Jesus para aceitar ser torturado, pregado e ser morto numa cruz? Como explicar, com argumentos humanos, a ressurreição?
É o mistério pascal. Se por caminhos humanos há limitações para tratar do tema, o mesmo não acontece quando é colocado numa perspectiva de fé. A racionalidade humana consegue esclarecer e responder a muitas perguntas, mas não consegue responder a todas elas. O ser humano não é apenas racional.
As celebrações pascais fazem parte da história da salvação. No Primeiro Testamento era a celebração da passagem de Deus e a passagem do Povo de Deus da escravidão para a liberdade. É a celebração de uma passagem para a vida, para uma vida melhor. Celebrar cada ano era necessário para que as situações e estruturas humanas sempre estivessem a serviço da vida.
Em Cristo a Páscoa adquire novo significado, assim nos escreve o evangelista João: “Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). Eis a passagem! Do quê e para quê? Deste mundo, para o Pai. A passagem de Jesus deste mundo para o Pai abrange, em uma unidade estreitíssima, a paixão e a ressurreição. Foi através da sua paixão que Jesus chegou à glória da ressurreição. Através da paixão o Senhor passou da morte para a vida. Paixão e passagem já não são duas explicações contrapostas, mas conjugadas entre si. A Páscoa cristã é uma passagem pela paixão. 
Essencialmente Páscoa é passagem. Aquilo que aconteceu com Cristo torna-se o apelo a todos os que creem em Cristo: passar da morte para a vida. Passar das situações humanas, sejam elas pessoais, sociais ou estruturais, que geram morte, desfiguram o rosto humano, destroem a natureza para relacionamentos fraternos, de restauração da dignidade humana e convivência harmoniosa com a natureza.
Páscoa é passar para aquilo que não passa! É passar daquilo que mata e destroi para aquilo edifica. É passar da violência para a paz; da desarmonia para a harmonia. Enfim, Páscoa é anunciar: Por que estais procurando entre os mortos aquele que está vivo? Ele (Jesus) não está aqui. Ressuscitou! (Lc 24, 5-6).
CNBB, 28-03-2016.
*Dom Rodolfo Luis Weber: Arcebispo de Passo Fundo.

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