Madre Teresa da Calcutá / Foto: Wikipédia Nobre (36CC0_1.0)
ROMA, 05 Abr. 16 / 02:00 pm (ACI).- Há muitas coisas sobre a Beata Madre Teresa de Calcutá que poderiam ser reconhecidas como “heroicas”, como por exemplo o seu incansável serviço aos mais pobres entre os pobres e seu corajoso testemunho ante milhões de pessoas sobre o que é viver o Evangelho.
Entretanto, o Pe. Brian Kolodiejchuk, postulador da causa de canonização da Madre Teresa disse que existe uma coisa acerca da fundadora das Missionárias da Caridade que está por cima de tudo: sua experiência da escuridão espiritual, que descreveu como sentir-se totalmente abandonada por Deus durante muito tempo de sua vida.
O Pe. Kolodiejchuk, sacerdote membro dos Missionários da Caridade, fundado pela futura Santa em 1989, disse ao Grupo ACI que passar por esta escuridão e seguir em frente com seu trabalho em favor de outros “é realmente muito heroico”.
Como recordamos, um dos primeiros passos para declarar alguém santo é determinar suas virtudes heroicas. Nesse sentido, o postulador disse que a vida inteira da Madre Teresa foi vivida heroicamente, algo que se pode comprovar pelos testemunhos.
Nesse sentido, disse que o aspecto mais heroico da vida e da vocação da Madre Teresa são os mais de 50 anos de escuridão e abandono que sentia depois de receber o que ela denomina “um chamado dentro do chamado”, para sair das Irmãs de Loreto e fundar as Missionárias da Caridade.
Assim, embora fosse comum ver a religiosa albanesa sorrindo, em sua carta ao seu diretor espiritual em 1957, a Beata escreveu: “Chamo, me aferro, quero, e ninguém me responde. Quando tento elevar meus pensamentos ao céu, há tal convicção de vazio que esses mesmos pensamentos retornam como facas afiadas e danificam minha alma”.
“Amor – a palavra –, não traz nada. Me dizem que Deus vive em mim e ainda a realidade de escuridão, frieza e vazio é tão grande que nada toca a minha alma”, expressou.
A Madre Teresa havia rezado fervorosamente para compartilhar o sofrimento de Jesus e muitos, inclusive o seu diretor espiritual, acreditaram que seus sentimentos de rechaço e abandono eram um reflexo da própria experiência de Cristo da solidão e da desolação durante sua paixão e morte.
Devido à profundidade e duração de deserto espiritual da Madre Teresa, muitos a aclamaram como uma grande mística em relação ao tema da escuridão espiritual.
O próprio Pe. Kolodiejchuk disse que a Madre Teresa era “uma grande mística, mas também muito concreta ao olhar a realidade”. Assinalou que muitas pessoas “acreditam que os Santos estão em algum lugar nas nuvens místicas”, mas isto não era verdade na Madre Teresa, que era espiritual mas ao mesmo tempo era atenta e ativa na vida de outros.
Recordou que desde quando a conheceu, a maior das qualidades que caracterizava a Madre Teresa era “este sentido que era na verdade ‘mãe’”, pois ser mãe era algo importante para ela e foi a única maneira através da qual foi chamada.
Deste modo, quando a Madre Teresa foi escolhida pela primeira vez como superiora geral das Missionárias da Caridade, sua resposta imediata depois de ser parabenizada foi: “Este título não significa nada. Não, eu quero ser uma mãe”.
A religiosa também pôs uma grande ênfase na ternura de Deus, disse o Pe. Kolodiejchuk, recordando que a “ternura” era uma de suas palavras favoritas, inclusive mais do que “misericórdia”.
“Ela falaria mais acerca da ternura do amor de Jesus e sua misericórdia, sua consideração, sua presença, sua compaixão... Sendo assim, misericórdia era uma palavra em seu vocabulário, mas com esta qualidade especial de ternura”.
“Até mesmo na escuridão, ela ainda tinha um sentido íntimo da ternura de Deus para conosco”, disse o sacerdote, que recitou uma oração que a Madre Teresa costumava ensinar para que outros repetissem: “Jesus, em meu coração, acredito na ternura do teu amor por mim. Te amo”.
Nesse sentido, o Pe. Kolodiejchuk também disse que é providencial o fato de que a canonização da religiosa aconteça durante o Jubileu da Misericórdia, pois a missão principal das Missionárias da Caridade é responder ao capítulo 25 do Evangelho de Mateus, que enumera as obras de misericórdia.
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