domingo, 17 de abril de 2016

Papa recorda jovem «mártir» de família que encontrou em Lesbos

Agência Ecclesia 17 de Abril de 2016, às 11:27     
Coroas de flores que o Papa, o patriarca Bartolomeu e o arcebispo Jerónimo II depositaram no Mar 
Coroas de flores que o Papa, o patriarca Bartolomeu e o arcebispo Jerónimo II depositaram no Mar Egeu (Foto: Lusa)
Egeu (Foto: Lusa)
Francisco diz que viu «muita dor» entre os refugiados

Cidade do Vaticano, 17 abr 2016 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje no Vaticano que viu “muita dor” na sua visita à ilha grega de Lesbos, este sábado, e recordou em especial a história de martírio de uma jovem morta por terroristas, porque “não quis negar Cristo”.

“Quero relatar um caso particular: um jovem, ainda não tem 40 anos, que encontrei ontem [sábado] com os seus dois filhos. Ele é muçulmano e contou-me que se casou com uma jovem cristã. Amavam-se e respeitavam-se um ao outro. Infelizmente, esta jovem foi degolada por terroristas porque não quis negar Cristo e abandonar a sua fé. É uma mártir”, declarou, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a recitação da oração do ‘Regina Caeli’.

“Esse homem chorava tanto”, acrescentou, antes de permanecer em silêncio durante alguns momentos.

O Papa passou cinco horas na ilha de Lesbos, tendo conversado em privado com o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, antes de visitar um campo de refugiados e homenagear os migrantes que morreram no mar, acompanhado pelo patriarca ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu, e pelo arcebispo ortodoxo de Atenas, Jerónimo II, com quem assinou uma declaração conjunta.

Francisco explicou hoje no Vaticano que a presença dos dois responsáveis ortodoxos quis simbolizar “a unidade na caridade” de todos os cristãos.

O pontífice argentino recordou a visita a um dos campos de refugiados, onde se encontraram com pessoas oriundas “do Irão, do Afeganistão, da Síria, de África, de tantos países”.

“Cumprimentamos cerca de 300 pessoas, um a um, nós os três – o patriarca Bartolomeu, o arcebispo Jerónimo e eu. Muitos deles eram crianças e algumas dessas crianças assistiram à morte dos pais e dos seus amigos, afogados no mar”, realçou.

O Papa tinha começado por agradecer aos que o “acompanharam com a oração” nesta viagem.

“Levei aos refugiados e ao povo grego a solidaridade da Igreja”, explicou.

A intervenção deixou depois uma palavra de apoio às “famílias preocupadas com a questão do trabalho”, de modo especial por causa da “stiuaçao precária dos trabalhadores italianos dos

Call Center”, pedindo que prevaleça sempre “a dignidade da pessoa”.

No regresso a Roma, o Papa enviou um telegrama ao presidente da Itália, Sergio Mattarella, no qual refere ter visto na Grécia “os sofrimentos e esperanças de tantas pessoas” que têm o direito a “um futuro de serenidade e de paz”.

Com Francisco chegaram a Roma três famílias refugiadas da Síria, num total de 12 pessoas, incluindo seis menores.

Os custos do acolhimento e estadia das famílias vai ser suportado pelo Vaticano, com o apoio inicial da comunidade católica de Santo Egídio, em Roma, ao nível da habitação, educação e emprego.

Antes de regressar ao Vaticano, o Papa cumpriu a tradição de se deslocar à Basílica de Santa Maria Mario para “agradecer” à Virgem Maria pelo “sucesso da sua visita a Lesbos”, anunciou a sala de imprensa da Santa Sé.

OC

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