Ataques de conhecidas empresas contra a Carolina do Norte, que quer manter os banheiros públicos separados pelo sexo biológico. Mas a atitude muda quando tais empresas fazem negócios no exterior
Pecunia non olet, diziam os latinos. O dinheiro não tem cheiro, nem sequer quando é sujo de sangue inocente. Ainda estão espalhados pela terra da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, os fragmentos das roupas rasgadas dos diretores de algumas das mais importantes multinacionais mundiais.
O escândalo suscitado em alguns novatos defensores dos direitos civis tem sido uma lei desse Estado, que proíbe as pessoas de usar banheiros reservados para o sexo oposto registardo na certidão de nascimento. Portanto, um homem não pode entrar no banheiro das mulheres, embora ele “se sinta” uma mulher. E vice-versa. Um impedimento que pareceria óbvio e de bom senso até pouco tempo atrás.
Dessa forma levantou-se um alarido midiático, que envolveu várias figuras públicas e algumas grandes empresas, todos juntos apontando o dedo para a Carolina do Norte. Pay Pal, por exemplo, decidiu cancelar a abertura de uma sede sua neste Estado. Uma escolha que – de acordo com o que foi anunciado pela própria empresa – custa a renúncia de um investimento de 3,6 milhões de euros e a criação de mais de 400 postos de trabalho.
Na mesma linha da Pay Pal, uniram-se também as conhecidas indústrias de hi-tech, como Facebook, Google e Apple. Esta última até publicou um comunicado no qual condena a decisão do Governador da Carolina do Norte de ter assinado a lei em questão. “A nossa empresa e a Apple Sotre – diz a empresa – são abertas a qualquer um, independentemente de onde cheguem, de como apareçam, das suas religiões ou de quem amam”. E depois ainda, eis a reprimenda moralista: “O nosso futuro como americanos deveria ser centralizado na inclusão e na prosperidade, não na discriminação e divisão”.
Pena que os cabeças da marca com a maçã mordida, e os cabeças de Pay Pal, não apresentem tantos problemas éticos quando fazem investimentos em Países que não são precisamente “abertos a qualquer um”.
Quem fez notar a trave nos olhos desses puritanos gay-friendly foi o Washington Times. O jornal publicou, de fato, que Pay Pal abriu um centro de operações globais na Malásia. Um País – ressalta-se – que no próprio código penal prevê punições severas contra qualquer um que tenha uma “conduta homossexual”. Varia das 20 chicotadas à prisão até 20 anos.
John McCabe, vice-presidente sênior para as operações globais de Pay Pal, declarou quando foi aberto o centro na Malásia, em 2013, que teria dado trabalho para 500 pessoas e que a escolha de escolher o País asiático foi motivada pela força de trabalho altamente qualificada, competitiva e multilíngue, bem como por infraestrutura tecnológica.
“Mas nem Pay Pal, nem a Malásia são casos isolados”, observou o Washington Times. Muitas das empresas que ameaçaram cortar os laços com a Carolina do Norte, se esforçam para construir canais comerciais com Países liderados por regimes extremamente repressivos contra as pessoas homossexuais.
A sede internacional de Pay Pal está localizada em Singapura, onde as relações entre pessoas do mesmo sexo são punidas com dois anos de prisão. A empresa tem, também, um centro de desenvolvimento de software em Chennai, na Índia, onde certamente há tantos informáticos preparados, mas onde ao mesmo tempo existe o artigo 377 do código penal, que pune as relações sexuais “contra a natureza”, entre as quais a sodomia e a felação. Matt Sharp, consultor jurídico da organização cristão sem fins lucrativos Alliance Defending Freedom, destacou que as ações de certas empresas no estrangeiro fazem mais barulho do que as suas palavras pronunciadas em casa.
Barulho que vem da boca flamejante do dragão. A Apple possui muitas fábricas na China, onde os homossexuais até o ano de 2001 eram considerados enfermos mentais destinados a uma “terapia de cura” com cargas elétricas. Terapia que – como revelou algumas pesquisas – ainda está em uso hoje em algumas clínicas chinesas.
A própria Apple abriu lojas recentemente na Arábia Saudita. No País do Golfo não se consome energia elétrica para “curar” as pessoas homossexuais porque são eliminadas com métodos brutais e rápidos. O jornal saudita Ozak anunciou que Ryad queria aplicar a pena capital também a quem somente se declara homossexual, sem que houvesse a necessidade de evidências de que a homossexualidade tivesse sido praticada.
É o paradoxo do capitalismo. No Ocidente, agitam a bandeira do arco-íris, consciente do grande negócio que gira em torno do estilo de vida homossexual, dos lucros potenciais derivantes das biotecnologias aplicadas à reprodução humana, à venda de ovócitos, ao útero de aluguel e à tecnociência. Em outro lugar se ajoelham ao emir ou ao ditador do momento, que, com a mão direita acena dólares e com a esquerda reprime os homossexuais. Bem diferente de banheiros lgbt… Zenit
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