Espetáculo estreia no Grande Teatro no dia 19 de maio e ingressos estão à venda.
Regente titular da Orquestra Sinfônica, Silvio Viegas.
A partir da versão operística do compositor francês Charles-François Gounod para o clássico Romeu e Julieta, a Fundação Clóvis Salgado integra-se às programações que lembram os 400 anos da morte de William Shakespeare. A versão composta por Gounod, com libretos de Jules Barbier e Michel Carré, estreou em Paris em 1867 e, pela primeira vez, será produzida pela FCS.
A ópera será encenada pelos três corpos artísticos da Fundação Clóvis Salgado – Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, Coral Lírico de Minas Gerais e Cia. de Dança Palácio das Artes. Romeu e Julieta estreia no dia 19 de maio, no Grande Teatro do Palácio das Artes, dia 19 de maio, seguida por récitas nos dias 21, 23, 27 e 29.
Os ingressos poderão ser adquiridos na bilheteria do teatro e pelo site ingresso.com por R$ 60,00 a inteira e R$ 30,00 a meia-entrada. A bilheteria do Palácio das Artes funciona de segunda a sábado, das 10h às 21h; e aos domingos e feriados, das 14h às 20h.
Originalmente ambientada na cidade de Verona, Itália, a história retrata a paixão proibida entre dois jovens de famílias rivais e a cruel dicotomia entre o amor e a morte. Pelas mãos do diretor cênico Pablo Maritano, também em sua estreia em Minas, e do regente titular da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, Silvio Viegas, a ópera será transposta para a Era Vitoriana e enriquecida com nuances de contemporaneidade.
Mais do que apostar na história do amor romântico, a versão produzida pela Fundação Clóvis Salgado evidencia os conflitos e incongruências de uma sociedade claustrofóbica e opressora, que nega aos jovens, em última instância, a individualidade.
Para quem vivencia essa realidade, segundo Pablo Maritano, talvez existam apenas duas saídas: o amor ou a morte. “A primeira ideia que as pessoas têm ao ouvir falar sobre Romeu e Julieta é sobre amor e paixão, mas entendo que esse é um amor clandestino, de jovens que querem fugir da sociedade e das regras impostas. Nessa montagem, abordaremos mais o viés trágico do que esse amor romântico”, revela.
O ambiente claustrofóbico em que os personagens estarão inseridos ficará evidente nos cenários de Renato Theobaldo, que retorna à Fundação Clóvis Salgado para mais uma montagem.
Já os figurinos de Sayonara Lopes irão recuperar o romantismo da Era Vitoriana, incorporando traços modernos. Completam a equipe técnica Pedro Pederneiras na iluminação e Lydia Del Picchia nas coreografias.
Entre os extremos do amor e da morte
A história a ser encenada no Grande Teatro do Palácio das Artes revela a hipocrisia e os problemas estruturais de uma sociedade tirana. A organização social da Era Vitoriana servirá como pano de fundo para ilustrar esse contexto.
Socialmente, esse período foi rico em moralismos e preceitos rígidos. Deveres da fé, defesa da moral e dos bons costumes eram alguns dos valores defendidos, que exigiam a submissão da mulher e impunham a supervalorização do homem.
Da mesma forma, em Romeu e Julieta, os dois jovens estão inseridos em uma sociedade estratificada, com regras e normas de conduta pré-estabelecidas e sem espaço para transgressões. Nesse contexto, Julieta, ”protegida” das experiências do mundo e com um leque de possibilidades muito restrito, é a figura mais prejudicada.
Longe de ser uma garota inocente, a corajosa e determinada Julieta encontra no sonhador e experiente Romeu a oportunidade de escapar da opressiva realidade que a cerca.
Pablo Maritano avalia que a atualidade de algumas das questões tratadas em Romeu e Julieta, como a inserção da mulher na sociedade, podem contribuir para a reflexão do público. “Acredito que a partir da personagem Julieta, seja possível alterar o arquétipo da mulher puramente romântica e percebê-la simplesmente como um ser humano”, conclui, acrescentando que a arte e o teatro têm o potencial de falar a verdade, mesmo contando uma mentira.
Solistas de renome internacional
Foram convidados para a montagem solistas de reconhecimento mundial, como a jovem argentina Oriana Favaro, no papel de Julieta, e o brasilero Giovanni Tristacci, no papel de Romeu.
Outro destaque é o também brasileiro Paulo Szot, no papel de Mercucio. Com brilhante trajetória internacional, Szot é detentor de prêmios como Tony Award, Drama Desk, Outer Critic’s Circle e Theater World Awards.
Integram ainda o elenco os solistas Eduardo Amir (Capuletto), Sávio Sperandio (Frei Lourenço), Luciana Monteiro (Gertrude), Thiago Soares (Teobaldo), Pedro Vianna (Páris), Aline Lobão (Stephanio), Mario Chantal (Duque), Lucas Ellera (Benvolio) e Bruno Graça (Gregório).
A perfeita sonoridade para uma história de amor
Reconhecido por suas óperas, pelas músicas coral e religiosa, Charles-François Gounod foi um compositor francês famoso pelo estilo lírico e apuro harmônico que influenciaram a produção operística francesa. Escrever uma ópera inspirada na obra de Shakespeare era um dos grandes desejos de Gounod.
Segundo o Diretor musical da ópera e regente, Silvio Viegas, o resultado alcançado pelo compositor é uma das mais belas obras do repertório operístico mundial.
“Nada mais, nada menos, ele oferece momentos ímpares para solistas, coro e orquestra. A composição de Gounod busca, com sensibilidade, capturar a emoção e a dramaticidade do texto de Shakespeare”, destaca.
Aos solistas, Gounod oferece árias (séries de notas que constituem um canto) ricas e belíssimas, que capturam de forma tridimensional e complexa os sentimentos dos personagens, principalmente de Romeu e Julieta. Inserido na trama em diversos momentos, o Coral Lírico tem seu momento mais brilhante no terceiro ato, em que é exigido ao máximo, vocal e dramaticamente.
À orquestra cabe um papel que vai além do simples acompanhamento, com linhas melódicas tão ricas quanto as atribuídas aos solistas. “A orquestra não apenas sublinha e desenha de forma elegante, delicada e sensível essa história de amor, mas canta esse amor, sangra com os personagens e derrama sobre o espectador todo o sentimento que esse drama possui”, revela o maestro.
Cenário e figurinos
Para Renato Theobaldo, o cenário da montagem cria quase um contraste com a realidade hipócrita dessa sociedade real, porém, com uma dramaticidade muito pesada. Segundo ele, para atingir esse efeito, o cenário é confeccionado em madeira escura, com portas e janelas de arquitetura que lembram a Era Vitoriana. Bastante flexível, com pequenas alterações ao longo da montagem, o cenário se transforma para receber os cinco atos da encenação.
“Durante a montagem, percebi que ele pode até se assemelhar a uma tumba. Não era essa a intenção, mas combina bem com a dramaticidade da ópera”, reconhece Theobaldo.
Já os figurinos, sob a responsabilidade de Sayonara Lopes, terão alguns matizes de contemporaneidade. Os vestidos conterão bastante volume, com novas modelagens e inovações; chapéus e máscaras receberão traços metalizados. Já os figurinos masculinos, basicamente, serão compostos por fraques.
Serviço
Ópera Romeu e Julieta
Local: Grande Teatro do Palácio das Artes – Palácio das Artes, Av. Afonso Pena, 1537 – Centro
Récitas: 19, 21, 23, 27 e 29 de maio de 2016
Classificação: 10 anos
Duração: 3h15 com 2 intervalos de 20 minutos
Informações: (31) 3236-7400
Agência Minas
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