Desprestigiado, redigiu carta no final da 2ª feira
Fabiano Silveira é a 2ª baixa em 18 dias de governo
O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, escreveu sua carta de demissão no final da tarde desta 2ª feira (30.mai.2016). A ideia era entregá-la ao presidente interino Michel Temer ainda hoje.
Fabiano é o 2º ministro a perder a cadeira na Esplanada da administração federal do PMDB em 18 dias. O outro foi Romero Jucá, que deixou a pasta do Planejamento na 2ª feira passada (23.mai.2016).
Tanto Fabiano quanto Jucá perderam seus cargos por terem aparecido em gravações produzidas por Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro e citado no escândalo da Lava Jato.
Fabiano foi gravado em fevereiro numa conversa envolvendo Machado e também o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). No diálogo, o titular da pasta da Transparência dá conselhos ao peemedebista sobre como proceder na defesa das acusações vindas da Operação Lava Jato. O caso foi revelado ontem, domingo (29.mai.2016), numa reportagem do jornalista Vladimir Netto, no programa Fantástico, da TV Globo.
O padrão da demissão de Fabiano seguiu o mesmo do episódio envolvendo Jucá. O presidente interino, Michel Temer, pediu explicações. Sinalizou que o ministro poderia ficar no cargo. Nos bastidores, entretanto, o Planalto pressionou para que o envolvido pedisse para sair. Jucá fez isso. Agora, Fabiano tomará o mesmo caminho.
O Blog ouviu ontem vários políticos que apoiam o governo interino de Michel Temer. Há duas avaliações a respeito de como o presidente enfrentou as quedas de seus ministros. Primeiro, que mostrou fragilidade ao ficar apenas esperando a reação da mídia e da opinião pública para fritar os envolvidos nos bastidores. Segundo, que fez o que deveria porque seria inevitável a contaminação do restante da administração se mantivesse colaboradores que foram protagonistas de diálogos tão comprometedores sobre a Lava Jato, uma espécie de preferência nacional.
Como era ligado a vários senadores, sobretudo a Renan Calheiros, o agora ex-ministro da Transparência pode produzir ruídos políticos para o Planalto justamente onde Michel Temer mais precisa de tranquilidade. O julgamento definitivo do impeachment de Dilma Rousseff será no plenário do Senado e terá de ser aprovado por, pelo menos, 54 dos 81 votos possíveis.
Por volta de 16h Michel Temer havia conversado com Fabiano Silveira. Na conversa, o presidente interino disse ao assessor que gostaria que ele ficasse no cargo.
Fabiano não sentiu firmeza no pedido presidencial. Também havia considerado estranho o Planalto ter vazado mais cedo que ele ficaria ministro “por enquanto''. Sentiu-se desprestigiado, ainda mais porque sua pasta estava tomada por servidores contrários à sua permanência. Soube também que a maioria do entorno de Michel Temer desejava sua demissão. Sem saída, escreveu sua carta pedindo o desligamento do cargo no final do dia.
SUBSTITUTO
Com a saída de Fabiano, está cotado para o seu lugar (ainda que interinamente) Waldir João Ferreira da Silva Júnior. Ele é funcionário de carreira do Ministério e o atual chefe da Corregedoria Geral da União (CRG).
A CRG é a área do Ministério da Transparência responsável pelos processos administrativos contra servidores públicos acusados de irregularidades. Responde também pelos acordos de leniência de empresas, como as envolvidas na Lava Jato.
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