Colapso é uma palavra assustadora e não é para menos.
É melhor ser um samurai no jardim do que um jardineiro na guerra.
Por Max Velati*
Dmtry Orlov escreveu um livro necessário. O autor nasceu em São Petersburgo e ainda criança emigrou com a família para os Estados Unidos, na década de 70. Com três títulos anteriores aclamados nos EUA, publicou no Brasil pela Editora Revan, com tradução de Maria Cristina Cupertino, o necessário “Os cincos estágios do colapso – kit de ferramentas para o sobrevivente”.
A obra sai com uma justificada e cautelosa nota do editor brasileiro, onde o leitor é avisado que a maior parte dos estudos e dados do autor se refere a países de Primeiro Mundo. Mais importante ainda, ele faz o alerta de que o autor se declara francamente um entusiasta da Utopia Anarquista. De qualquer forma, depois de certa indecisão, o editor felizmente decidiu publicar a obra e seu conteúdo cresce de importância a cada dia.
Colapso é uma palavra assustadora e não é para menos. Na essência significa que o Caos venceu a Ordem, o Acidental venceu o Planejamento, a Regra se submeteu de vez à Força.
O autor justifica o próprio trabalho declarando que o livro “trata de colapso. Não discute se ele vai acontecer ou quando se dará, mas sim como ele é, o que esperar e como devemos nos comportar se quisermos sobreviver a ele”.
Acho importante destacar que não se trata de modo algum de mais um profeta da Nova Era anunciando um Apocalipse que pode ser vencido com dieta vegetariana e mantras da Grande Fraternidade. É um livro calcado na realidade e descreve com certa crueza o que acontece quando tudo dá errado.
Para sustentar o seu ponto de vista de um colapso com data incerta - mas inevitável - ele se propõe a provar sua tese considerando duas premissas terrivelmente realistas:
“A primeira é levar em conta a dotação finita de combustíveis fósseis, minerais metálicos, outros insumos industriais e agrícolas, água doce e solo fértil, e demonstrar que muitos desses recursos já estão aquém do seu pico histórico de produção ou logo estarão. A segunda coisa a ser provada é que, como estes recursos se tornam escassos demais para permitir o crescimento de uma economia global, o resultado será o colapso e não uma lenta e firme deterioração que poderá prosseguir durante séculos sem chegar a um ponto final”.
Não há como negar que o autor parte de duas observações razoáveis para justificar uma terrível Era de Insensatez que de muitas formas já mostra a sua cara.
Minha opinião sobre tudo isso é que é melhor conhecer o colapso como processo mesmo que ele não ocorra tão cedo e mesmo que não alcance uma escala global. Como diz um velho ditado das artes marciais: é melhor ser um samurai no jardim do que um jardineiro na guerra.
*Max Velati trabalhou muitos anos em Publicidade, Jornalismo e publicou sob pseudônimos uma dezena de livros sobre Filosofia e História para o público juvenil. Atualmente, além da literatura, é professor de esgrima e chargista de Economia da Folha de S. Paulo. Publica no Dom Total toda sexta feira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário