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A catequese não pode esquecer-se da dimensão experiencial da fé, ou perderá o sentido.
A fé não seria autêntica, se não passasse pela dinâmica da experiência do inebriar-se com o Mistério.
Por Felipe Magalhães Francisco*
Há muito que abandonamos, pelo menos na expressão, a ideia de catecismo. Ainda que bem-intencionada, a educação da fé, nessa perspectiva do pré-Concílio Vaticano II, significa, na prática, doutrinamento. No catecismo, não há espaço para que os educandos da fé levantem perguntas. Elas são preestabelecidas e já vêm com respostas formuladas, prontas para serem aprendidas. Um resquício explícito disso ainda se faz notar, na recente publicação do YouCat, por exemplo: um catecismo para jovens, elaborado por meio de perguntas e respostas.
Com a mudança dos tempos, novas compreensões vão nos ajudando a perceber a dinâmica da fé, e a importância da educação para seu amadurecimento, a partir de outras perspectivas. Nesse sentido, a Igreja, nos últimos anos, recuperou o antigo conceito de catequese, que traz a bonita e rica imagem do fazer ecoar. A catequese, como elaboração e ressignificação da experiência primordial com o Deus de amor, faz ecoar essa experiência, ao longo de toda a vida cristã, sempre em formação. Daí a importância de percebermos essa catequese como Caminho.
Nesse caminho catequético, no qual passamos por um processo de amadurecimento da experiência de sermos filhos e filhas, discípulos e discípulas, as interpelações precisam corresponder às diversas etapas pelas quais passamos. Nesse sentido, a catequese precisa tocar fundo nas questões próprias de cada grupo etário, para o qual se pensa a catequese. Contribuindo com essa perspectiva, o artigo A Catequese como processo para educação da fé, da mestranda em teologia e coordenadora da Comissão Bíblico-Catequética da Arquidiocese de Belo Horizonte, Neuza Silveira de Souza, ajuda-nos a perceber a importância de se propor uma atenção própria, para os diversos períodos da vida de um/a cristão/ã.
Todo processo catequético não pode, absolutamente, esquecer-se da dimensão experiencial da fé, caso contrário, não há sentido algum. Tampouco a fé seria autêntica, se não passasse pela dinâmica da experiência do inebriar-se com o Mistério. Abordando o tema da catequese e liturgia, a graduanda em teologia e Coordenadora da Comissão Arquidiocesana de Liturgia, de Belo Horizonte, Lorena Alves Silveira, propõe-nos o artigo “O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos”. Em sua reflexão, ela aborda a importância da volta às fontes, como proposta de uma catequese mistagógica, na qual desponta a necessidade de uma catequese que cative e encante, para a promoção de uma profunda experiência de comunhão.
Boa leitura!
*Felipe Magalhães Francisco é mestre em Teologia, pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia. Coordena a Comissão Arquidiocesana de Publicações, da Arquidiocese de Belo Horizonte. Coordena, ainda, a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015).
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