terça-feira, 28 de junho de 2016

Lisboa: São Cristóvão, a igreja na Mouraria que se multiplica para recuperar esplendor e dignidade

Agência Ecclesia 28 de Junho de 2016, às 10:36
       Pároco desenvolve projeto de «igreja pobre para gente pobre»

Lisboa, 27 jun 2016 (Ecclesia) – A igreja de São Cristóvão, no bairro histórico da Mouraria, do Patriarcado de Lisboa, tem vindo a ser recuperada com a ajuda dos “pobres”, que nunca tiveram medo de assumir o projeto, explica o pároco local, padre Edgar Clara.

O sacerdote começa por contextualizar que a igreja “ainda continua para ser recuperada, quer no seu exterior, quer no seu interior” e recorda que, inicialmente, estava fechada, abrindo pontualmente para celebrações.

“É um edifício magnífico do século XVII, 1670, projetado por um padre, decano dos arquitetos, João Duarte, e que pediram a Bento Coelho da Silveira, pintor régio, que pintasse 35 telas. Todas as paredes, inclusive o teto, não é de Bento Coelho da Silveira, estão repletos de pinturas”, explica o padre Edgar Clara.

No programa ‘8.º Dia’ deste domingo, na TVI, o sacerdote referiu que foi “pedido ajuda” a diferentes instituições, mas apesar do entusiasmo pelo projeto, todos ficaram assustados quando se falava em “1 milhão e de euros”.

“Então pensei em ir pedir a quem realmente tem dinheiro e essas pessoas são os pobres. Fiz um projeto de uma igreja pobre para gente pobre”, assinala, referindo que num ano e meio já foram reunidos 150 mil euros, através de ideias que se transformam em oportunidades.

Segundo o padre Edgar Clara, recuperar a igreja de S. Cristóvão “é um projeto de multidões”: “Nós não pedimos um milhão de euros a uma pessoa mas um euro a um milhão de pessoas e têm vindo religiosamente entregar o seu euro, para a recuperação da Igreja”.

Um convite solidário que ultrapassa as fronteiras geográficas do bairro histórico lisboeta: um sítio na internet e as redes sociais são plataformas úteis para partilhar a causa.

O sacerdote assinala que se desenvolveram ideias “à medida das bolsas de cada um”, principalmente, projetos criativos com o qual as pessoas “ficassem atraídas e agradadas”, e destaca o facto de “poderem deixar o seu nome escrito numa telha”, com um valor de 20 euros, ou mealheiros espalhados quais caixas de esmolas que aceitam donativos.

Atualmente, a igreja apresenta a exposição ‘Ascensão’, onde se destaca a escada de nove metros suspensa entre o chão e o teto, do escultor Rui Chafes, Prémio Pessoa 2015, até 1 de julho.

A iniciativa faz parte do ciclo ‘Não te faltará a distância’, que termina a 7 de julho, e é promovida pelo Orçamento Participativo da Câmara Municipal de Lisboa, ‘Arte por São Cristóvão’.

Já na Cozinha Popular da Mouraria, um espaço para momentos de encontro e de partilha, nascem os biscoitos de São Cristóvão, num processo paciente, como explicou a boleira da Mouraria, Carina Amaro.

Uma Mouraria onde a presença cristã se faz notar em inúmeros lugares, mais ou menos escondidos, como a Capela do Senhor Jesus da Boa Sorte e da Santa Via Sacra, a Capela das Olarias; o Convento do Coleginho, a primeira casa que os Jesuítas no mundo, ou um Rol de Confessados, livros com data anterior ao terramoto de Lisboa.

HM/CB

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