O Senhor se manifesta a Maria com uma palavra de alegria:Alegra-te, cheia de graça! dança, exulta, o Senhor está contigo!
Por Anair Voltolini*
O mês de maio na devoção popular católica é o MÊS DE MARIA. Um inteiro mês dedicado a ela, Mulher escolhida e envolvida no grande mistério da misericórdia de Deus pela humanidade.
Um mês com Maria para contemplá-la como a Mulher consolada por Deus e por isso Consoladora e companheira no caminho de fé de todos os discípulos e discípulas de Jesus.
Um mês para amá-la como Mulher Mãe, que conhece seus filhos e filhas na luta de cada dia e por isso cheia de ternura para com quem a confia suas alegrias, sofrimentos e esperanças.
Um mês para encontrá-la como Mulher do Povo que caminha em busca da Verdade, da paz, da justiça e acredita que Ela é Medianeira de graças, defensora da vida e reflexo da misericórdia de Deus.
Na anunciação, o Anjo do Senhor dirige-se a ela saudando-a: “Alegra-te porque o Senhor está contigo! Tu és cheia de graça!”. Revela-lhe a sua nova missão: “Conceberás e darás à luz um Filho e o chamarás Jesus”. Maria de Nazaré se torna assim a primeira casa de Deus no mundo. Através dela o Verbo- Filho de Deus – coloca a Sua tenda entre os homens. Aberta, humilde e disponível ao Projeto de Salvação de Deus, Ela está presente na vida da Igreja e de cada pessoa.
Podemos fazer nossa esta oração de Santo Ambrósio para sermos no mundo uma centelha da ternura de Maria:
Esteja em cada um de nós a alma de Maria para magnificar-te, ó Senhor.
Esteja em cada um de nós o Espírito de Maria, para exaltar-te, ó Deus.
Esteja em cada um de nós a flor do teu Verbo, o perfume suave da tua presença.
Esteja em cada um de nós a santa alegria de Maria.
Esteja em cada um de nós o canto do teu Espírito, o vento divino que dirige os nossos passos pela estrada da caridade. Amém.
Mês de maio - breve histórico
Tradicionalmente, o MÊS DE MAIO é, para o católico, um mês dedicado à memória de Maria, a mãe de Jesus. Neste mês, particularmente, intensificam-se as orações marianas, sobretudo a reza do terço ou do rosário, encerrando-se o mês com a coroação de Nossa Senhora, normalmente encenada por crianças vestidas de anjinhos, representando a coroação de Maria no céu.
Uma pergunta que podemos nos fazer é: por que maio e não outro mês?
Maio é o tempo pleno da primavera no hemisfério norte, e em alguns países europeus, antes do cristianismo, realizava-se a Festa “Florealia” em honra de “Flora Mater”, a deusa da vegetação.
A Igreja, em tempos antigos, costumava cristianizar festas pagãs. Afonso X, o Sábio, rei de Castela e de Leon no século XIII, foi a primeira pessoa conhecida a associar o mês de maio à figura de Maria, em uma de suas Cantigas, dedicada à celebração das festas de maio.
Em Roma, o mês mariano começa a se definir com São Filipe Neri, na segunda metade do século XVI, com o santo ensinando aos jovens a prestar homenagens a Maria com a ornamentação floral de suas imagens, com cantos de louvores em sua honra e com a prática de atos virtuosos e penitenciais.
O iniciador do mês mariano no sentido moderno de práticas cotidianas foi o jesuíta A. Dionisi, com sua obra “Mês de Maria”, publicada em Verona, Itália, em 1725.
Na primeira metade do século XIX, o mês de maio como mês de Maria já está afirmado na Europa e na América, atingindo também os países que foram abraçando o cristianismo. Impulsionado pela definição do dogma da Imaculada Conceição (1854), o mês de Maria se consolidou definitivamente como celebração pública e solene.
Esta história do Mês de Maria mostra-nos que a Igreja incentivou, ao longo dos séculos, a devoção a Maria.
O Papa Paulo VI, na Exortação apostólica Marialis Cultus, recomenda que o mês mariano deve procurar sempre ver Maria em relação à história da salvação, ou seja, relacionada com o mistério pascal de Cristo e com o nascimento da Igreja. Não esqueçamos que o Tempo Pascal que vivemos, centralizado no encontro com o Ressuscitado e na espera do dom do Espírito em Pentecostes, serve-nos bem para pôr em prática e desenvolver o que está presente no livro dos Atos dos Apóstolos: a oração da Igreja nascente com Maria (cf. At 1,14). Se assim o fizermos, celebraremos a memória de Maria não à parte das festas pascais, mas inserida nelas e orientando nossas vidas para a experiência pascal de Cristo e para a novidade do Espírito.
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