quinta-feira, 30 de junho de 2016

Olhar para Deus

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Seguindo-o, teremos a vida nova de quem sabe buscar um ideal maior.
Olhar para Deus nos dá força e coragem para deixarmos nossa vida à serviço do semelhante.
Olhar para Deus nos dá força e coragem para deixarmos nossa vida à serviço do semelhante.
Por Dom José Alberto Moura*

Não é só em momentos de crise, calamidades e dificuldades que devemos olhar para Deus. Desde tenra idade todos deveriam se formar com os olhos fixos naquele que nos deu o dom da existência, querendo seguir seu caminho e seus ensinamentos. Isto não ocorrendo, faz muitos só buscarem o Criador em momentos difíceis, como os desafios, a doença, a morte de entes queridos, catástrofes e mau êxito em seus empreendimentos. Com abertura à ação da graça e do amor divino, a pessoa tem muito maior força para realizar um projeto de vida realizador, apesar dos problemas existenciais.

O profeta Zacarias fala da ação divina estimuladora do ser humano para ele se dirigir ao Senhor: “Derramarei sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém um espírito de graça e de oração; eles olharão para mim” (Zacarias 12, 10). De fato, Deus nos chama para cuidar do nosso planeta, principalmente da vida nele existente, para o bem de todos. Se não olharmos para Ele, fazemos do convívio terreno uma guerra, destruição, desentendimento, desrespeito de uns aos outros e do esmagamento da realização do seu projeto em relação a nós, para nosso próprio bem.

Como o ser humano, desde o começo de sua história, quis fazer sozinho a própria história, sem levar em conta o projeto divino, temos as conseqüências danosas para todos. Presenciamos o desvio de conduta que faz minorias açambarcar quase tudo para si, sem deixar muito para maiorias que passam necessidades para uma vida digna. Quem não olha para Deus, olha sobretudo para satisfazer os próprios instintos, que, muitas vezes, contrariam o que é justo, honrado e de benefício para todos. Assim, há a formação de família de qualquer jeito, com conseqüências danosas para os filhos e a sociedade. A política se torna o avesso do que deveria ser, com malversação da coisa pública e desrespeito a grandes parcelas, que são lesadas em seu direito de cidadania plena.

O apóstolo Paulo nos faz lembrar nossa fraternidade, advinda do batismo, que nos banha com o amor do Filho de Deus, fazendo-nos irmãos e solidários com a causa do amor dele provindo (Cf. Gálatas 3,26-29). Desta forma, como filhos de Deus não podemos fazer discriminações e injustiças com o semelhante.

O próprio Jesus, se bem conhecido, aceito como Filho de Deus e seguido, leva-nos ao patamar superior de novas criaturas, dando-nos a certeza de alcançar a vida de plena realização. Basta aceitá-lo como Cristo, ou seja, o Salvador. Mesmo carregando nossa cruz dos limites humanos, somos capazes de tudo enfrentar com êxito, vencendo o mal maior, que é a falta de colocar em prática a graça e o amor de Deus. Seguindo-o, teremos a vida nova de quem sabe buscar um ideal maior. Como conseqüência, já na terra viveremos mais solidariamente, superando as injustiças e promovendo a vida digna para todos, com o cuidado e o amor vivenciado através da doação de cada um (Cf. Lucas 9,18-24).

Mas o olhar para Deus nos dá força e coragem para fazermos nossa vida uma exercitação constante de serviço ao semelhante. Desta forma, sabemos que implantamos as bases para atingirmos o ideal maior do Reino definitivo na eternidade. Por isso, superamos a alienação, com a prática do amor, da misericórdia e do empenho em tornar a caminhada terrena um instrumento eficaz de sentido, buscado no caminho do Filho de Deus.

CNBB, 15-06-2016.

Dom José Alberto Moura: Arcebispo de Montes Claros (MG).

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