domingo, 10 de julho de 2016

Ativista detido na Louisiana; Dallas suspende alerta

domtotal.com
DeRay McKesson participava de protesto e transmitia a passeata ao vivo pelo Periscope.
Agentes do FBI inspecionam o local em que o franco-atirador de Dallas atacou a polícia.
Agentes do FBI inspecionam o local em que o franco-atirador de Dallas atacou a polícia.

Um famoso ativista do movimento Black Lives Matter (BLM, "As vidas dos negros importam") filmou sua própria detenção no sábado à noite em Baton Rouge, Louisiana, informou a imprensa local, em um momento de tensão entre a polícia americana e as minorias raciais.

O ativista do BLM DeRay McKesson participava em um protesto em Baton Rouge - onde aconteceu uma das mortes de cidadãos negros em ações da polícia na última semana - e transmitia a passeata ao vivo pelo Periscope.

"A polícia nos provocou durante toda a noite", afirma em um vídeo divulgado em sua conta @deray.

"Nós não bloqueamos a rua ou qualquer outra coisa", completa.

Subitamente, a imagem é interrompida e é possível ouvir uma voz: "Polícia da cidade. Você está preso, não resista".

Outro ativista pega o telefone celular e retoma o vídeo ao questionar o policial sobre o motivo da detenção de McKesson, que é levado com as mãos nas costas, segundo imagens divulgadas nas redes sociais.

Um oficial da polícia estadual da Louisiana disse à publicação local The Advocate que McKesson foi detido porque bloqueava a passagem, apesar do ativista mostrar no vídeo que não havia obstáculos na rua.

Ao mesmo tempo, a cidade de Dallas voltou a ser vítima do medo com uma ameaça de ataque à polícia apenas dois dias depois de um franco-atirador matar cinco agentes durante um protesto pacífico.

Equipes táticas da SWAT foram enviadas ao QG da polícia de Dallas após uma ameaça anônima e oficiais buscaram um suspeito no estacionamento do local.

A polícia de Dallas já havia reforçado algumas horas antes a vigilância na cidade, após uma ameaça não especificada.

As autoridades informaram que a busca acontecia com "extrema cautela".

"O Departamento de Polícia de Dallas recebeu uma ameaça anônima contra suas unidades e adotou medidas preventivas", afirma um e-mail enviado à imprensa.

O jornal Dallas Morning News informou que um homem encapuzado foi visto nos arredores da sede da polícia.

Agentes revistaram a área, não encontraram nada e duas horas depois suspenderam o alerta.

"Os oficiais completaram a busca manual na garagem. O suspeito não foi encontrado", anunciou a polícia de Dallas em sua conta no Twitter.

A ameaça foi anunciada no momento em que começavam diversos protestos em várias cidades americanas pelas mortes de dois afro-americanos durante a semana.

As imagens das duas mortes foram amplamente divulgadas nas redes sociais e abalaram os Estados Unidos.

O atirador de Dallas, um negro veterano da guerra do Afeganistão identificado como Micah Johnson, foi morto pela polícia. Durante as negociações infrutíferas de rendição, ele afirmou que desejava matar policiais brancos como vingança à morte de negros por tiros de agentes.

As autoridades de Dallas estão convencidas de que Johnson atuou sozinho e não teve o auxílio de cúmplices para o ataque, no qual matou cinco policiais após um protesto na quinta-feira.

As cenas de pesadelo no Texas provocaram o temor de um novo e difícil capítulo nas turbulentas relações raciais dos Estados Unidos.

O presidente Barack Obama tentou tranquilizar o país em choque ao afirmar que os Estados Unidos devem superar o momento.

Ele também rejeitou comparações com os Estados Unidos dos anos 60, um país então marcado pela agitação social e o racismo.

Obama, que visitará Dallas no início da semana, descreveu o atirador de Dallas como um "lobo solitário", um "demente", que não representa os afro-americanos.

"Os Estados Unidos não estão tão divididos como alguns sugerem", disse após uma reunião da Otan em Varsóvia.

"Há dor, há agitação... mas há unidade".

Passeatas em todo país

O movimento Black Lives Matter, que promove manifestações em todo o país, exige o fim da violência e não o aumento.

Centenas de pessoas voltaram a se reunir em Nova York no sábado, pela terceira noite consecutiva, para repudiar a violência policial contra os negros e recordar Alton Sterling e Philando Castile, os dois homens mortos por policiais na Louisiana e em Minnesota, ações que iniciaram os protestos.

Atos similares aconteceram em diversas cidades. Os promotores convocaram as passeatas com o lema "O fim da semana da raiva".

Em Phoenix, Arizona, a polícia dispersou os manifestantes que atiravam pedras. E em Rochester, Nova York, 74 pessoas foram detidas por um protesto nas ruas.

Mas em todas as localidades, de Atlanta a Houston, Nova Orleans, Detroit ou Baltimore, as manifestações foram pacíficas.


AFP

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