quinta-feira, 28 de julho de 2016

'Mãe só há uma': quebra de estereótipos

 domtotal.com
Pedrinho é Pierre (Naomi Nero), um adolescente que foi sequestrado quando era bebê.
Por Charles Mascarenhas

Ovacionada pela crítica em Que horas ela volta? (2015), a diretora Anna Muylaert estreou em julho de 2016 seu mais novo filme: Mãe só Há Uma.

Baseado no Caso Pedrinho, crime que aconteceu em 1986 na cidade de Brasília, onde uma mulher invadiu uma maternidade, se passando por enfermeira e sequestrou um bebê. Esse caso foi um dos mais noticiados na época, tendo depois de alguns anos virado tema da novela de Aguinaldo Silva, Senhora do Destino (2004).

Em Mãe só Há Uma, Muylaert usou de sua licença artística para não seguir a risca o caso real e adaptou os personagens. Pedrinho é Pierre (Naomi Nero), um adolescente de 17 anos, que vive com a mãe Aracy (Dani Nefussi) e a irmã mais nova Jaqueline na periferia de São Paulo. Ambos os filhos foram sequestrados por Aracy quando eram bebês.

O garoto de personalidade marcante, toca numa banda de garagem com amigos e se sente livre para não ser um modelo ideal de jovem de sua faixa etária. Ele usa roupas femininas e masculinas, pinta as unhas, passa batom, maquia os olhos, beija homem e mulher, e o que é interessante é que a história não caracteriza o personagem como gay ou heterossexual, ele é apenas uma pessoa que mergulha nesse seu momento de... descoberta (?). É nessa fase da vida que Pierre descobre que seu nome é Felipe e vê sua mãe sendo presa, acusada de tê-lo roubado na maternidade.

A trama tinha tudo para ser de gênero policial, o que nos levaria a entender (ou não) os motivos que levaram uma mulher a sequestrar dois bebês, o que poderia ser que ficasse até ficar mais interessante, mas a diretora preferiu desenvolver o relacionamento de Pierre/Felipe com sua nova família e a tentativa de adequá-lo ao novo mundo.

Quem assistiu aos filmes anteriores de Muylaert, com certeza irá comparar a qualidade dos trabalhos a esse novo, isso porque em Mãe só Há Uma a diretora quis discutir de forma simples os estereótipos, trazendo um novo olhar sobre identidades de gênero.
O filme estreou no dia 21 de julho de 2016 e encontra-se em cartaz em Belo Horizonte.

Confira o trailer:


Charles Mascarenhas
Graduando em cinema e audiovisual pela PUC-Minas e estudante de cursos livres de teatro.

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