terça-feira, 19 de julho de 2016

Theresa May: a nova premier britânica

 domtotal.com
Todos puderam perceber que ela é altíssima.
Contraditório ou não, ela tem um plano e muito bem arquitetado.
Contraditório ou não, ela tem um plano e muito bem arquitetado.

Por Lev Chaim*

Ela parece ser doce, mas é de ferro. Thereza May, antiga Secretária de Estado, de um dia para outro, acordou como primeiro-ministro da Grã-Bretanha, pelo partido Conservador, ao assumir a vaga deixada por David Cameron. Ao contrário de Margareth Thatcher, a dama de ferro, que não escondia a sua vontade, essa nova primeira dama consegue esconder o seu caráter atrás das roupas chiques, elegantes, sapatos extravagantes e um sorrisinho “leve”.

Ela foi recebida pela rainha Elizabeth II, como manda o protocolo, e, através das fotos, todos puderam perceber que ela é altíssima: mesmo meio ajoelhada em reverência, ela quase que passava a rainha em altura. E nem bem ela voltou à residência oficial e fez o discurso, todos perceberam que se tratava de uma mulher que queria deixar a sua marca neste novo rumo do país.

Apesar de ter sido contra a saída da Grã-Bretanha da União Europeia (Brexit), em seu novo gabinete ela surpreendeu meio mundo, inclusive os britânicos. Três homens pró campanha Brexit foram nomeados ministros, mas o mais surpreendente foi a nomeação de Boris Johnson, ex-prefeito de Londres e chefe da campanha do Brexit, para o ministério das relações exteriores. Um homem que ofendeu meio mundo, inclusive chefes de Estados, com seus comentários brutais, terá agora que chefiar a política exterior britânica.

Ela cortou quem quis cortar e convocou pessoas que ninguém esperava. O ministro George Osborne das finanças e o ministro da justiça Michael Gove foram mandados para casa sem qualquer explicação. Mas a nomeação de Johnson cheira a uma estratégia ainda oculta. Há duas semanas, numa menção velada a ele, Theresa May disse: “alguns tinham que aprender que governar era uma coisa séria e não um jogo, e que tudo tem consequências para a vida das pessoas”. Hoje, este senhor é seu ministro do exterior. Vai entender, não é mesmo?

De qualquer forma, esta mudança súbita de rumo na política britânica, com uma nova primeira-ministra, deixou mais uma vez claro que o escritor Gladstone tinha razão quando afirmou: “Para ser um bom primeiro-ministro, tem-se que ser um bom açougueiro”.  Ou seja, cortar onde for necessário e seguir em frente com o plano traçado. E complementando, cito agora o comentário da escritora Gaby Hinsliff sobre Theresa May: “Ela construiu um santuário à volta de sua própria imagem, mas deu cargos importantes a apenas 7 mulheres”.

Contraditório ou não, ela tem um plano e muito bem arquitetado. Nesta mesma semana ela voou para encontrar-se com a primeira-ministra da Escócia, Nicola Sturgeon, para assegurá-la de certas coisas que podem se tornar perigosas para o Reino Unido. Tanto a Escócia como a Irlanda do Norte, parte do Reino Unido, são favoráveis à União Europeia e contra o Brexit.

Portanto, antes de negociar as coisas com Bruxelas sobre a possível saída da Grã-Bretanha da União Europeia, May quer se assegurar de que conta com o apoio interno, tanto da Escócia quanto da Irlanda do Norte. De qualquer forma, o seu plano final ainda está bastante obscuro. Alguns até acreditam que no final, ela poderá dar uma virada de 360 graus e a Grã-Bretanha continuar dentro da União.

O que muitos se perguntam é se esta seria a sua táctica de negociações para conseguir mais concessões por parte de Bruxelas, para depois anunciá-las com grande pompa aos britânicos. A partir daqui será pura adivinhação. Temos que esperar os fatos. Mas uma coisa é certa: a primeira-ministra escocesa já ameçõu vetar a saída do Reino Unido da União Europeia.

*Jornalista, colunista, publicista da FalaBrasil e trabalhou mais de 20 anos para a Radio Internacional da Holanda, país onde mora até hoje. Ele escreve todas as terças-feiras para o Domtotal

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