sábado, 6 de agosto de 2016

A Amazônia convida, o Papa responde: "Gostaria de ir"

Cidade do Vaticano (RV) – “Os povos indígenas da Amazônia já sonham, aguardando a visita do Papa... seria um sinal de seu amor paternal aos primeiros habitantes de nossas terras ameríndias”.
O Papa Francisco aceitaria visitar uma tribo indígena na Amazônia? A resposta é sim.
E é ele mesmo a escrevê-lo, em carta ao bispo prelado de Itaituba, às margens do Rio Tapajós, no Estado do Pará.
No último dia 29 de junho, Dom Wilmar reiterou o convite já feito no passado pelos bispos amazônicos a Francisco. O carmelita administra a mais antiga missão católica em atividade com índios no Brasil, onde vivem 14 mil Munduruku.
Alguns, com o apoio da Adveniat, organização católica alemã de ajuda à América Latina, serão em breve ordenados diáconos permanentes.
 
Na resposta datada de 16 de julho, Francisco afirma conhecer de perto a situação dos povos indígenas brasileiros:
“Estou consciente dos seus sofrimentos e da sua marginalização; sei bem que além dos desafios que os Bispos da Amazônia enfrentam para proclamar o Evangelho, muitas vezes também devem ser voz profética diante de tantas injustiças contra os mais indefesos e lutar pela preservação da floresta que sistematicamente é vilipendiada pela ganância dos homens”.  
Riqueza humana e cultural 
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há cerca de 900 mil índios no Brasil, que se dividem entre 305 etnias e falam ao menos 274 línguas.
Contra eles e seus direitos já adquiridos, a chamada “bancada ruralista” do Congresso Nacional, formada por fazendeiros e empresários, promove uma grande campanha, tentando modificar a legislação brasileira, em prol do mais rentável agronegócio.
E, com isso, agressões e assassinatos de índios têm sido uma constante.
Ação profética, visita simbólica
Dom Wilmar Santin pede ao Papa uma demonstração de apoio a esses povos, que estão sendo pisados e oprimidos desde o “descobrimento” das Américas.
“Uma ação profética, fraterna e simbólica sem precedentes na história”, escreve, prosseguindo:
“Seria a oportunidade para o Papa, in loco, fazer um chamado para que os/as religiosos/as levem a sério o desafio de dar continuidade à evangelização na Amazônia”.  
Resposta do Papa: "gostaria de ir"
E o Papa responde:
“Por todos estes motivos, gostaria poder realizar uma visita ao coração da Amazônia. Queria poder estar junto com estes homens e mulheres que tantas vezes são ignorados pelos próprios brasileiros. Peço que reze por esta intenção. Peça a Nossa Senhora que me ajude a realizar este meu desejo. Aproveito também para lhe pedir que assegure ao povo de Itaituba e, através dele, a todos os povos da Amazônia, que esta terra tem um lugar especial no coração do Papa: rezo por cada um, cada índio, cada ribeirinho e cada habitante dos centros urbanos”.
Reapresentar a Laudato sí
A Francisco, autor da primeira Encíclica sobre o meio-ambiente, o bispo de Indaiatuba adianta:
“A viagem seria o palco ideal para denunciar, com repercussão mundial, a devastação que está acontecendo em toda a Amazônia devido à implantação de grandes projetos. Seria um ótimo momento para se reapresentar os grandes temas da Encíclica Laudato Sì”.
E para Francisco, esta é uma missão especial, já que estes povos “podem dar ao mundo de hoje uma lição de como os seres humanos devem viver a sua relação com a nossa Casa Comum, a criação que Deus nos confiou”.
(CM)

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