sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Caminho de vida

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Em agosto devemos refletir sobre o caminho que toda pessoa é convidada a sondar.
A vocação é compreendida como
A vocação é compreendida como 
A vocação é compreendida como "chamado de amor que atrai e reenvia para além de si mesmo".

Por Dom Jaime Spengler*
Durante o mês de agosto os batizados são convidados a refletir sobre o tema vocação. Vocação é um caminho de vida e de felicidade, realização e salvação. Caminho que toda pessoa é convidada a sondar. A comunidade de fé aponta como caminhos de vida a vocação laical, a vocação à vida consagrada e a vocação ao ministério ordenado.

O termo vocação provém da língua latina: vocare, vocatum, vox, vocis. Portanto, está relacionado a voz. Que voz é esta que se faz ouvir no íntimo do ser humano e que força-o a se perguntar pelo próprio caminho de vida? Essa é uma questão de longo alcance, pois caracteriza a existência humana e cristã.

Na perspectiva da fé cristã, a vocação é compreendida como “chamado de amor que atrai e reenvia para além de si mesmo, descentraliza a pessoa, provoca um êxodo permanente do eu fechado em si mesmo para a sua libertação no dom de si e, precisamente dessa forma, para o reencontro de si mesmo, mais ainda para a descoberta de Deus” (Papa Francisco).

Tal compreensão do que seja vocação causa certa estranheza, pois a própria vida humana deixou de ser avaliada a partir de sua capacidade de sair de si e ir ao encontro do bem e da felicidade dos outros. Entretanto, encontramos, sim, pessoas marcadas por generosidade e abertura de coração, disposição para sair de si. Pessoas que num caminho específico de vida cooperam na realização de ações que favoreçam a vida, especialmente dos mais fracos. 

Os padres, abraçando um caminho característico de vida, cooperam ativamente na promoção da obra da evangelização. São homens que acolheram a voz do coração e decidiram generosamente acolher a solicitação da comunidade de fé de assumirem o ministério ordenado em favor dessa mesma comunidade. Reconhecemos e promovemos o empenho de tantíssimos padres que, com empenho e determinação, realizam a tarefa recebida do próprio Jesus de ir pelo mundo, anunciando o Evangelho a todas as criaturas. Nos mais variados rincões homens e mulheres de boa-vontade podem contar com a presença de santos e dedicados padres.

A característica do ser e agir de Cristo Jesus, acolhida e assumida livremente pelos padres, é algo que não pode ser extinto e nem removido. Ainda que tal característica seja primordial e usualmente relacionada ao culto, pode-se certamente considerá-la como decorrência do compromisso sagrado e público de se colocar a serviço da vida, em todas as suas dimensões, manifestações e situações. 

Quem é o padre? É alguém “ungido para o povo, não para escolher os seus próprios projetos, mas para estar perto do povo concreto que Deus, através da Igreja, lhe confiou. Ninguém fica excluído do seu coração, da sua oração e do seu sorriso. Com olhar amoroso e coração de pai acolhe, inclui e, quando tem que corrigir, é sempre para aproximar; não despreza ninguém, estando pronto a sujar as mãos por todos. O Bom Pastor não usa luvas... Ministro da comunhão que celebra e vive, não espera cumprimentos e elogios dos outros, mas é o primeiro a dar uma mão, rejeitando as murmurações, os juízos e os venenos. Com paciência, escuta os problemas e acompanha os passos das pessoas, concedendo o perdão divino com generosa compaixão. Não ralha a quem deixa ou perde a estrada, mas está sempre pronto a reintegrar e a compor as contendas. É um homem que sabe incluir” (Papa Francisco).

CNBB 04-08-2016
*Dom Jaime Spengler: Arcebispo de Porto Alegre.

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