quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Medalhas de Moro e de Couro

domtotal.com
Cerimônias de abertura não são lugar para lavar a roupa suja.
Medalha de couro ainda para o Brasil atual, herança maldita do PT.
Medalha de couro ainda para o Brasil atual, herança maldita do PT.

Por Walter Navarro*
A vã e sábia sabedoria popular diria de Ivo Pitanguy, que ele nasceu "virado para a lua". Virado, não sei, mas ele tinha uma estrela. Não é para poucos ser lanterneiro de Deus. Tratava de milionários e de pobres. Fez da cirurgia plástica, grande arte. Grande figura! Deixou sua "patte" na vida! Não sabia que ele estava tão doente, frágil. Muito menos que, como Zagallo - outro figuraça que não passa muito bem devido à provecta idade - carregou a tocha olímpica numa cadeira de rodas pelas ruas do Rio. Mas Pitanguy teve sorte até para morrer. Soube que ele queria ver a abertura da Olimpíada do Rio. Teoricamente, pode ter visto, pois morreu um dia depois da festa e um dia antes do mais novo vexame da seleção brasileira masculina de futebol, frente ao terrível e poderoso elenco do Iraque!

Então, só pra começar, a medalha de ouro, perdão, de Moro, hoje, vai para Pitanguy, Zagallo, Iraque e para a cerimônia de abertura da Olimpíada. E dou o braço a torcer, a cara a tapa. Semana passada, engrossei o coro dos pessimistas e escrevi: " O que esperar de uma Olimpíada, de um país, que abre sua primeira Olimpíada - nem que fosse a última de todos os tempos - com "música" de Anitta, Wesley Safadão e Ludmilla?".

Não reconheceria, nem vi Wesley ou Ludmilla. Graças aos céus, continuam desconhecidos. A tal da Anitta, até ficaria bem posando nua, mas não comprometeu a festa cantando Ary Barroso, ao lado de Gil e Caetano. Ah! Temo pela saúde de Gil que não parecia bem. E na esteira, arrisco dizer que o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman também não está lá uma Brastemp...

Quebrei a cara também ao escrever que a cerimônia deveria ter, mas não teria Tom Jobim ou Villa Lobos. Teve Tom com seu neto, Daniel, ao piano e, no lugar de Villa Lobos, um cara que adoro: Jorge Ben ou Jorge Ben Jor.

Zeca Pagodinho e Marcelo D2 não são minha praia, mas também não jogaram água da Baía da Guanabara no chope.

Palmas, abraços, beijos e carinhos sem ter fim para o filé da noite: Paulinho da Viola entoando o hino nacional e Gisele Bündchen desfilando "Garota de Ipanema", pelo já citado Daniel Jobim que, só perde pontos quando tenta imitar, até na voz, o famoso e colossal avô. Tom Jobim cover não dá!

Palmas também para um discreto presidente Michel Temer que, mais uma vez - graças aos céus, Sergio Moro e Eduardo Cunha - mostrou-se o inverso daquela acéfala Dilma de sinistra memória.

Por falar na zumbi Dilma - que a terra lhe seja leve - um dos motivos de meu pessimismo em relação à abertura da olimpíada, era a lembrança da vergonhosa, medonha e jeca abertura da Copa do Mundo no Brasil, em 2014. Lá, estava Dilma ao lado de outro bandido, Joseph Blatter, então todo poderoso presidente da FIFA. A FIFA que, com seu "padrão de qualidade" mandou até no trânsito brasileiro.

Pausa para o Google: " O italiano Franco Dragone foi o diretor artístico da abertura da Copa do Mundo - esse espetáculo insosso e pobre que assistimos não sem grande decepção e certa vergonha. Dragone era queridinho do Blatter e foi dele a escolha da coreógrafa belga Daphné Cornez", sua parceira naquele fiasco. Um dia um médico me explicará porque, ao sentir vergonha de algo, meus braços ficam arrepiados!

Blatter, Marin, Dunga, Dilma, Del Nero. Estão explicados os 7X1  da Alemanha sobre o Brasil, ainda que com Felipão!

Blatter e Marin estão presos, Del Nero não pode sair do Brasil porque também será preso; Dilma e Dunga expulsos do jogo. Felipão, sumidão! Medalha de couro para todos! Couro, de cuecão de couro...

Couro também para o lado hipócrita da abertura tão politicamente correta, para inglês e o mundo verem. Enalteceram índios, negros, portugueses e imigrantes, pilares da nossa "civilização". OK, a hipocrisia evita guerras, mas o buraco é mais embaixo.

Cerimônias de abertura não são lugar para lavar a roupa suja, manchada de sangue; mostrar a maneira cruel e vergonhosa como portugueses e depois brasileiros dizimaram índios; escravizaram negros e imigrantes. Lembro-me até de antiga propaganda sei lá de quê, que dizia: "ser neto de imigrantes é muito chique, quando se é rico", uma alusão aos Matarazzo.

Medalha de couro ainda para o Brasil atual, herança maldita do PT. Quando a festa acabar, a sujeira vai engolir até o tapete que a escondeu durante os jogos. Sujeira que lambuzou a própria olimpíada em obras super faturadas, Vila Olímpica aos pedaços, trânsito bom só para convidados, mar poluído, filas, inflação, violência que não dá folga, zero investimento em educação, saúde, transporte, no próprio esporte e etc, etc, etc, para o bom e velho Brasil de sempre.

Medalha de couro para a inveja e o olho gordo dos brasileiros que torcem contra e estão morrendo de inveja do nefasto Eduardo Paes, do Rio que nem sempre é maravilhoso, dos cariocas que nem sempre são cariocas e da festa para a qual nunca foram e são convidados.

ps: sinceros parabéns à Rafaela Silva e sua merecida medalha de ouro, mas confesso não ser tão altruísta e civilizado para comemorar judô, tiro de pistola, canoagem, hipismo, iatismo, esgrima e outros "esportes" que, pra mim, têm gosto de papelão ou cabo de guarda chuva; mesmo que nunca tenha chupado estas coisas.

*Walter Navarro é jornalista, cronista e artista plástico.

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