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Eryk disse que queria homenagear a geração do pai por enfrentar uma longa ditadura.
Coquetel de abertura do 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.
Na sua melhor tradição de engajamento político, o Festival de Brasília começou na noite de terça-feira, 20, com um sonoro coro de "Fora, Temer", que ecoou por vários minutos no Cine Brasília. O protesto deu-se quando Eryk Rocha, diretor do filme de abertura, o documentário Cinema Novo, ligou alguns pontos da história brasileira recente. Eryk, que é filho do cineasta Glauber Rocha, disse que queria homenagear a geração de seu pai, que sofreu um golpe de Estado e teve de enfrentar uma longa ditadura. “Dedico também aos que hoje continuam indignados com o que está acontecendo no Brasil e resistem a esse governo ilegítimo.”
A fala foi emocionada no palco e o filme correspondeu na tela. Cinema Novo, que ganhou o prêmio L’Oeil d’Or de melhor documentário no Festival de Cannes deste ano, é imersão radical no Brasil em transe dos anos 1960, com os filmes dialogando com as transformações sociais que aconteciam. Da esperança de mudança do começo da década até o trauma do golpe de 1964 e as desilusões que se seguiram, até o acirramento da ditadura com a edição do Ato Institucional nº 5, em dezembro de 1968, tudo está lá, nas imagens, de forma direta ou alegórica.
Cinema Novo foi sendo feito ao longo de nove anos de trabalho e envolve citação a 130 filmes. Trabalha com trechos de clássicos como Terra em Transe, Os Fuzis, Vidas Secas, Deus e o Diabo na Terra do Sol e de títulos menos conhecidos como Manhã Cinzenta e Os Deuses e os Mortos. O panorama é amplo e inclui obras de diretores não associados ao Cinema Novo. A montagem é orgânica e resgata o vigor de uma época em que se pensava o País com intensidade, erotismo, visão política e amor. Tudo se conectava. E havia muita criatividade e desejo de mudar o cinema e o mundo. No conteúdo e na forma.
Antes de Cinema Novo, passou o curta sobre as relações de amizade e trabalho entre dois fotógrafos brasileiros, Thomaz Farkas e José Medina. Em Improvável Encontro, o diretor, o também fotógrafo Lauro Escorel, compara, por meio de imagens, os estilos de ambos e as influências recíprocas. Uma linda história de amizade e troca mútua de experiências enriquecedoras.
Agência Estado
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