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Woody Allen não aparece como personagem, mas como o narrador da história.
Por Charles Mascarenhas
O Filme de abertura do Festival de Cannes (2016), Café Society, é a nova obra de Woody Allen, que com 80 anos, acumula em seu currículo quase 50 filmes, o que dá uma média de um filme por ano, calculando desde o seu primeiro trabalho, O que há, Tigresa (1966).
Dirigindo, escrevendo e atuando em grande parte de seus longas. Allen na maioria das vezes, opta por escrever personagens judeus, neuróticos e fracassados.Tomando Nova York como cenário principal. Exemplos disso são os filmes: Sonhos Eróticos de uma Noite de Verão (1982); Crimes e Pecados (1989); Um Misterioso Assassinato em Manhattan(1993), Todos Dizem Eu te Amo(1996)Desconstruindo Harry (1997), entre outros.
Em Café Society é diferente. Woody Allen não aparece como personagem, mas como o narrador da história, que nos leva a conhecer um momento de efervescência do cinema hollywoodiano e a vida social da high society em Nova York dos anos 1930.
Bobby (Jesse Eisenberg) é um jovem judeu, classe média baixa, que ainda mora com os pais no Brooklyn, Nova York, e por isso sonha em ganhar a vida e amadurecimento, longe da cápsula familiar. Seu desejo é ir para Los Angeles, lugar onde provavelmente teria um emprego rápido, pois a indústria cinematográfica daqueles anos estava no auge. Além disso, seu tio Phil Stern (Steve Crell) era um produtor de sucesso na cidade.
A chegada de Bobby a Hollywood e o encontro com o tio não ocorreram exatamente como planejado. Phil não está nem um pouco interessado sobre o sobrinho que veio de tão longe para melhorar a vida e o deixa esperando por uma resposta de trabalho.
Durante esse período, Bobby passa a viver num hotel ebusca novas experiências pela atual cidade. Neste contexto, convida para seu quartouma visita íntima (Anna Camp), uma jovem, meiga, que foi para Hollywood com o desejo de ser uma estrela de cinema, porémnão teve oportunidades. Ela, então planeja tornar-se prostituta. A cena desenvolvida pelos dois personagens éuma das mais divertidas, pois Bobby estava sendo o primeiro cliente da moça e os dois não sabem lidar com a situação.
Dias se passam e Phil resolve atender ao pedido do sobrinho, dando-o um emprego simples e uma acompanhante para o apresentar a região que irá trabalhar. Ela é a secretáriaVonnie (Kristen Stewart), que logo em sua primeira aparição, encanta e leva Bobby a cair na armadilha da paixão.
O diretor trabalha nesse filme com duas fases: Na primeira já apresentada, trata da vida de Bobby em Hollywood. Na segunda,é a volta dele para Nova York, depois de ter sofrido influência do seu tio e estar totalmente transformado pelas ambições capitalistas, passa a gerenciar um espaço freqüentado por artistas e milionários, oCafé Society.
É nessa segunda fase que Woody Allen desenvolve a participação de outros personagens, que são bem diferentes entre si e se tornam os alívios cômicos da narrativa.Como por exemplo, uma tradicional família judaica, no qual os pais do protagonista vivem com picuinhas; a participação de Ben (Corey Stoll), o irmão mafioso de Bobby, o qual sempre trata de dar um fim nas pessoas que o incomoda.
Todos esses personagens são articulados para nos contar um romance da Era de Ouro hollywoodiana. A construção da ambientação foi esteticamente montada pela direção de arte de Santo Loquasto, que valorizou tons amarelados em grandes partes das cenas. Vale destacar também a sensibilidade captada pelas lentes de Vittorio Storaro, este que foi vencedor de três Oscars, na categoria de Melhor Fotografia pelos filmes:Apocalypse Now (1979), Reds (1981) e The Last (1987).
Charles Mascarenhas
Graduando em cinema e audiovisual pela PUC-Minas e estudante de cursos livres de teatro.
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