quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Grito dos Excluídos destaca crítica a Michel Temer

domtotal.com
Houve manifestações contra o novo governo em 24 estados e no Distrito Federal.
 
Em Brasília, o grupo marchou defendendo a escolha popular dos governantes. Foto (Agência PT)

Pela primeira vez desde que surgiu, há 22 anos, o Grito dos Excluídos levou às ruas nesta quarta-feira (7) um tema mais ligado à política e focou suas manifestações no novo governo de Michel Temer. Historicamente, as manifestações têm como temas direitos humanos, como o direito à terra, em 2011, ou da juventude, em 2014. Houve manifestações contra Temer em 24 estados e no Distrito Federal. 

Para o coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, um dos líderes e organizadores do Grito dos Excluídos, "Fora Temer" e "Nenhum direito a menos" são as pautas das ruas neste momento.

Para o militante, o plano de governo do presidente Michel Temer vai levar milhões de pessoas à exclusão social. "Por isso estamos hoje pelo 'Fora Temer', porque não queremos chegar no ano que vem com o Grito dos Excluídos com ainda mais pessoas excluídas do emprego, do acesso à saúde, da educação, da moradia popular", afirma.

Só na capital paulista, o protesto reuniu 15 mil pessoas, de acordo com a organização. A Polícia Militar não fez estimativa de público. Militantes de partidos, movimentos sociais, mulheres jovens e famílias se reuniram às 9h na Praça Oswaldo Cruz, e depois seguiram pela Avenida Paulista e desceram pela Avenida Brigadeiro Luis Antônio, até chegar ao Parque Ibirapuera, por volta de 12h30.

Com palavras de ordem pedindo o fim do presidente Michel Temer, os manifestantes atravessaram a cidade com bandeiras de movimentos sociais e organizações em punhos. "É bastante importante esse 22º Grito dos Excluídos, pelo momento político em que ele ocorre", avalia Kelli Mafort, dirigente nacional do Movimento dos Sem Terra, que também participou do ato.

A líder acredita que os protestos e manifestação vão se intensificar nas próximas semanas. "Não tenho dúvida que está acontecendo uma retomada dos processos de luta. Com a consolidação do golpe, há um processo de retomada desse processo de rua, das manifestações", diz Malort.

Por volta de meio dia, o atual prefeito e candidato à reeleição pelo PT, Fernando Haddad, acompanhado do ex-senador e candidato à vereador, Eduardo Suplicy, se juntou ao protesto. "Tietados" por manifestantes e por fotógrafos, eles seguiram até o Morumbi na fileira da frente, com boné do MST, carregando faixa com dizeres "Fora Temer, não ao golpe". Outros políticos petistas, como a vereadora Juliana Cardoso, também participaram do ato.

Diretas Já

Quando não estavam entoado canções de protesto ou palavras de ordem contra o presidente, manifestantes e organizadores no carro de som falavam em "Diretas Já". Ex-secretário dos Direitos Humanos da gestão Haddad, Suplicy voltou a defender a realização de eleições diretas como a "solução mais sensata".

"Michel Temer tem que se dar conta de que para ele, de fato, pacificar e unificar o país, ele tem que convocar uma consulta popular no dia 2 de outubro, quando todos os eleitores estarão juntos às urnas", disse o candidato petista. Suplicy acredita que, caso a população decida pelas eleições diretas, o pleito deve ser convocado por Temer até dezembro deste ano.

Repressão

Durante as quase quatro horas de manifestação, não houve nenhuma ocorrência registrada pela Polícia Militar. Bem diferente do protesto de domingo, que acabou com bomba de gás lacrimogênio no metrô e a prisão de 26 pessoas, dentre elas dez menores de idade - todas soltas no dia seguinte. A sentença do juiz falava que o Brasil não pode legitimar "prisão para averiguação".

"É da natureza de governos autoritários e ilegítimos, que chegam ao governo sem voto, reprimir manifestações, usar a força", afirma o coordenador da CMP.

"Toda ação terá uma reação. Então nós continuaremos nas ruas, nos manifestando hoje, amanhã, domingo", concluiu. Os organizadores chamaram para um novo protesto contra o presidente na quinta-feira, às 18h, no Largo da Batata.

Brasília

Em Brasília, um protesto contra o presidente Michel Temer convocado pelas redes sociais uniu-se ao Grito dos Excluídos. O grupo marchou entoando palavras como "Eu já falei, vou repetir, é o povo que tem que decidir", defendendo a escolha popular dos governantes.

Os manifestantes também criticaram a reforma da Previdência e a proposta de fixação de um teto para o reajuste orçamentário, contida na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241/2016. De acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal, no auge da manifestação, havia cerca de 2,7 mil participantes. Para os organizadores, eram 10 mil.

Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, o ato do Grito dos Excluídos ocupou cerca de 1 quilômetro de uma das pistas da Avenida Presidente Vargas, e a marcha percorreu cerca de 2 quilômetros até a Praça Mauá.

A manifestação, que tradicionalmente defende direitos sociais, ganhou novas bandeiras com a adesão de grupos contrários ao impeachment de Dilma Rousseff e favoráveis à saída do presidente Michel Temer.

Belo Horizonte

O ato do Grito dos Excluídos no centro de Belo Horizonte converteu-se em um protesto contra o governo de Michel Temer. Contrários ao processo que levou ao afastamento definitivo da presidenta Dilma Rousseff, eles pediam a convocação de eleições diretas.

A organização estimou em 10 mil pessoas o número de participantes no ato. A Polícia Militar informou que não faz estimativa de participantes.

Porto Alegre A marcha do Grito dos Excluídos na capital gaúcha partiu da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que estava ocupada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Após o protesto, o grupo desmobilizou a ocupação, que ocorria também no Ministério da Fazenda.

A maioria dos participantes era composta por integrantes do MST. Havia ainda membros da Central Única dos Trabalhadores (CUT), movimentos negros, feministas e LGBT. Representantes dos bancários, em greve nacional desde ontem (6), também acompanharam a caminhada.

Salvador

Na capital baiana, o protesto teve participação de representantes de movimentos sociais e religiosos e de centrais sindicais. Durante a passeata, em tom crítico, líderes e coordenadores do Grito dos Excluídos manifestaram-se em um carro de som contra o atual governo e a situação social e política do Brasil.

Segundo os organizadores, mais de 15 mil pessoas participaram do ato de hoje. A Polícia Militar não divulgou estimativa do número de participantes.

Recife

No Recife, o Grito dos Excluídos também uniu a tradicional pauta de demandas por direitos sociais, respeito aos direitos humanos e reformas estruturais ao pedido pela saída do presidente Michel Temer do poder. O grupo criticou, ainda, mudanças defendidas publicamente pelo governo Temer.

Agência Brasil/Agência Estado

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