quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Maior reservatório de água do NE deve chegar a zero no fim de 2016

Reservatório de Sobradinho está localizado no norte do estado da Bahia.
Governo já pediu redução do volume de água que sai do reservatório.
Laís Lis
Do G1, em Brasília

O ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho, afirmou nesta quarta-feira (14) que o reservatório de Sobradinho, no norte da Bahia, deve chegar a zero do volume útil até o final de 2016. Assim, só restaria no reservatório o chamado volume morto. A represa é a maior da região Nordeste e tem sofrido com a falta de chuvas dos últimos anos.

Segundo o ministro, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que monitora a situação dos reservatórios que atendem às hidrelétricas brasileiras, apontou que se o volume de chuvas de 2017 for o mesmo de 2016 e a vazão de água de Sobradinho for mantida, a represa pode chegar no final de 2017 com volume negativo em 15%, ou seja, abaixo do volume morto.
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O governo já encaminhou à Casa Civil, para análise, um pedido da Chesf, subsidiária da Eletrobras e responsável pela Usina Hidrelétrica de Sobradinho, para reduzir a vazão de água do reservatório de 800 metros cúbicos por segundo para 700 metros cúbicos por segundo.

O pedido de redução, no entanto, enfrenta resistência de órgãos ambientais como o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e de companhias estaduais de água.

“Essas companhias teriam que fazer investimentos Sobradinho abaixo para poder adequar as captações, não só para abastecimento humano mas também para irrigação”, afirmou o ministro a jornalistas.

Recuperação
Coelho Filho disse ainda que deve ser preciso dois invernos, que é o período chuvoso do Nordeste, com chuvas acima da média, para que o reservatório se recupere.

“No fundo, no fundo, a gente precisar de uns dois invernos melhores para que a gente tenha um certo grau de segurança nos reservatórios para a gente poder voltar a ter um mix mais favorável na composição do preço de energia do Nordeste”, disse.

O ministro destacou que algumas obras podem ser feita para ajudar na recuperação do reservatório, entre elas a construção de uma barragem que impeça a entrada da água salgada no rio, mas que isso é uma solução de médio prazo.

“Mas eu defendo que deve ser feita [a obra]”, disse. Bezerra, porém, não detalhou quanto essa obra custaria ou se ela está nos planos do governo.

O ministro disse acreditar que o período úmido de 2017 deve ser melhor que os últimos e que estudos mostram que, se o reservatório chegar a 50% ou 60%, é possível administrar seu volume com segurança, desde que haja um controle da vazão de água.

Água mais cara
A estiagem tem feito a companhia de abastecimento do Ceará a estudar um aumento no preço da água usada para resfriar as térmicas instaladas no estado. A situação pode restringir a operação das usinas termelétricas Pecém I e Pecém II que, apesar de produzirem energia por meio da queima de carvão, precisam também de água para funcionar.

Sem as térmicas, o ONS estima um aumento de até R$ 750 milhões no custo de geração elétrica no país até o final de 2016.

Celho Filho afirmou que a empresa que administra uma das térmica já está tocando um projeto para captar água do mar para fazer o resfriamento e que outra já está analisando esse investimento. "Evidentemente isso não fica pronto do dia para a noite", afirmou.

Segundo o ministro, o governo tem monitorado o aumento do preço da água para evitar um impacto muito grande no custo da energia.

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