quarta-feira, 7 de setembro de 2016

MORTES NO MEDITERRÂNEO SEGUEM AUMENTANDO, UM ANO APÓS AFOGAMENTO DE GAROTO SÍRIO

ADDS IDENTIFICATION OF CHILD   Paramilitary police officers investigate the scene before carrying the lifeless body of Aylan Kurdi, 3, after a number of migrants died and a smaller number were reported missing after boats carrying them to the Greek island of Kos capsized, near the Turkish resort of Bodrum early Wednesday, Sept. 2, 2015. The family — Abdullah, his wife Rehan and their two boys, 3-year-old Aylan and 5-year-old Galip — embarked on the perilous boat journey only after their bid to move to Canada was rejected. The tides also washed up the bodies of Rehan and Galip on Turkey's Bodrum peninsula Wednesday, Abdullah survived the tragedy. AP

Registros apontam 2016 como o ano mais mortal para aqueles que tentam atravessar o Mediterrâneo em busca de segurança.
Por ACNUR
Até este momento, o número de afogamentos só aumentou e os registros apontam 2016 como o ano mais mortal para aqueles que tentam atravessar o Mediterrâneo em busca de segurança.
Hoje faz um ano que a foto que mostrava o corpo do pequeno sírio Alan Kurdi nas areias de uma praia na Turquia chocava o mundo e chamava a atenção para os riscos e as irreparáveis perdas vividas por milhares de refugiados que tentam, desesperadamente, buscar segurança na Europa.
bebesirio
Desde então, infelizmente, os perigos enfrentados por aqueles que fogem cruzando o Mediterrâneo tornaram-se ainda mais intensos. A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) estima que, desde a morte de Alan, 4.176 pessoas morreram ou desapareceram durante a travessia – uma média de 11 homens, mulheres e crianças perderam suas vidas todos os dias durante os últimos 12 meses.

Até este momento, o número de mortes por afogamento só vem aumentando, tornando o ano de 2016 o mais mortal para aqueles que tentaram cruzar o mar, disse o porta-voz do ACNUR, Willian Spindler, em uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (02) em Genebra.
Durante os oito primeiros meses de 2016, cerca de 281.740 pessoas fizeram a perigosa travessia marítima para a Europa. O número de refugiados e migrantes que chegou à Grécia caiu drasticamente de 67 mil em janeiro para 3.437 em agosto, como resultado da implementação do acordo entre a União Europeia e a Turquia e o fechamento da rota dos Bálcãs.
O número de chegadas à Itália, entretanto, permaneceu constante. Cerca de 115 mil refugiados e migrantes chegaram até o final de agosto, comparados aos 116 mil que foram registrados no mesmo período no último ano.
"A principal diferença, no entanto, tem sido o número de vítimas. Este ano, até o momento, uma em cada 42 pessoas morreu atravessando do norte da África para a Itália. No ano passado, foi registrada a morte de uma em cada 52 pessoas", disse Spindler aos jornalistas no Palácio das Nações em Genebra.
"Isso torna 2016 o ano mais letal já registrado no Mediterrâneo Central. As chances de morrer na rota da Líbia para a Itália são dez vezes maiores do que atravessando da Turquia para a Grécia", ele completou.
Spindler disse que os números evidenciam a "urgente necessidade de os Estados ampliarem as vias de acesso para refugiados, incluindo reassentamentos, financiamentos do setor privado, reunião familiar e sistemas de bolsas estudantis, entre outros, para que eles não tenham que recorrer a viagens perigosas e contrabandistas".
A morte de Alan resultou em expressões de compaixão e solidariedade sem precedentes para refugiados em toda a Europa, fazendo com que diversas pessoas se voluntariassem espontaneamente oferecendo comida, água e roupas para refugiados e até mesmo um lugar em suas casas.
Para registrar e dar visibilidade para alguns desses atos de solidariedade, o ACNUR e o fotógrafo Aubrey Wade realizaram uma série fotográfica mostrando famílias que acolheram refugiados na Áustria, Alemanha e Suécia.
A chegada de mais de um milhão de refugiados e migrantes à Europa no último ano, também tem dado origem a hostilidade e tensões dentro das sociedades que os acolhem.
Refugiados e migrantes têm sofrido ataques racistas e xenofóbicos, preconceitos e discriminações.
"O contínuo desafio da Europa é oferecer o apoio e os serviços que os refugiados precisam para que se integrem com sucesso e para que possam contribuir plenamente para a sociedade - trazendo novas habilidades, determinação e suas riquezas culturais, à medida que tentam restabelecer suas vidas em sua nova casas", disse Spindler.
Nesse esforço, o ACNUR solicita veemente aos governos e seus parceiros nacionais que se comprometam com o desenvolvimento e implementação de planos nacionais abrangentes de integração. As numerosas contribuições que refugiados trazem para as suas novas sociedades precisam ser reconhecidos.

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