sábado, 10 de setembro de 2016

Surpresas garantem tensão de 'O Homem nas Trevas'

  domtotal.com
O filme é um suspense que tenta jogar descaradamente com os valores do espectador.
Cena do filme
Cena do filme "O Homem nas Trevas", dirigido por Sam Raimi.

Por Rodrigo Zavala

Quando foi escolhido pelo próprio diretor Sam Raimi para refilmar o clássico “A Morte do Demônio” (de 1981), o uruguaio Fede Alvarez mostrou que dominava o gênero, apesar de apenas ter realizado um curta, “Ataque de Pânico” (2009), sobre alienígenas em Montevidéu. Violento, perverso e absolutamente tenso, o reboot de 2013 foi um produto que combinou a rebeldia do original com o um pensamento jovial de Alvarez, tornando-o pop e atual.

Pelas qualidades que apresentou, não era apenas mais um filme de terror competente, mas sim o trabalho de um diretor que prometia inovações para o gênero. Daí, não é surpresa que tenha se tornado um protegido de Raimi em sua incursão no cinema americano e que o seu novo “O Homem das Trevas” tenha demonstrado ser um sucesso em sua estreia no país, desbancando até mesmo “Esquadrão Suicida” e “Star Trek – Sem Fronteiras”.

Dirigido e roteirizado por Alvarez, com produção assinada por Raimi, o filme é um suspense ágil e bem elaborado, que tenta jogar descaradamente com os valores do espectador. Na história, Rocky (Jane Levy) e Money (Daniel Zovatto) são um casal de ladrões pé-de-chinelo que cooptam o amigo Alex (Dylan Minnette) para suas trapaças. Ele é filho de um segurança particular residencial e, sem o conhecimento do pai, surrupia chaves e alarmes para os roubos do trio, quando não há ninguém em casa.

Com exceção de Money, o roteiro leva quem assiste a ter um mínimo de consideração com os outros dois protagonistas. Rocky é vítima de uma família desestruturada e precisa de dinheiro para fugir com sua irmã mais nova das ameaças da mãe alcoólatra. Já Alex é um apaixonado, que pretende se unir a Rocky nesse futuro hipoteticamente idílico, adepto duplamente do autoengano: da ideia de que ela casará com ele e de que crimes sem violência não são bem crimes.

A próxima vítima (Stephen Lang, de “Avatar”) desses desajustados parece uma presa facílima: um idoso rico (mas sem conta em banco), que vive em uma parte afastada do bairro, sem vizinhos e, ainda por cima cego. Mesmo com todas as informações corretas, o trio é surpreendido tão logo entra na casa e o roubo passa a ser uma prova de sobrevivência, que Alvarez elabora com uma série de surpresas para o espectador. Para quem torcer torna-se uma dúvida real depois da segunda metade do filme.

Mesmo com a insensibilidade dos tempos atuais a histórias de revirar o estômago, ainda mais para aficionados por terror e suspense, “O Homem nas Trevas” trabalha com uma trama realmente violenta. Longe da possessão diabólica em uma cabana e da agressividade de alienígenas na capital uruguaia, Alvarez trabalha a psicopatia bem humana e o que as pessoas podem fazer (e suportar) quando expostas a situações-limite. Um filme de dar medo, pelas possibilidades do terror ao nosso lado.

Clique aqui, confira o trailer e onde o filme está em cartaz na Agenda Cultural!

Reuters

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