Narra o Evangelho que, tendo Jesus deixado a Judeia, voltou à Galileia. Ao passar pela Samaria, região desprezada pelos judeus, dirigiu-se a uma localidade chamada Sicar, junto às terras que Jacó, mais de 1500 anos antes, havia dado a seu filho José.
Naquele evocativo local havia o conhecido poço de Jacó. Os ardores do meio-dia agravavam em Jesus as fadigas da viagem, e por isso sentou-se Ele à beira da cisterna. Como os discípulos foram à cidade para comprar mantimentos, Jesus pediu a uma mulher samaritana que tirava água: “Dá-me de beber” (Jo 4,7).
Não sem perplexidade aquela samaritana considerou um judeu a falar consigo, a respeito de uma misteriosa água: “Se conhecesses o dom de Deus, e quem é que te diz: ‘Dá-me de beber’, certamente lhe pedirias tu mesma, e ele te daria uma água viva”.
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Santo Agostinho
Diante da explicação de Jesus a respeito deste líquido que brota de uma fonte eterna, da qual todo aquele que beber jamais terá sede, a samaritana não teve outra ideia senão suplicar: “Senhor, dá-me desta água, para eu já não ter sede nem vir aqui tirá-la!” (Jo 4,15).
A água viva e inextinguível de felicidade humana, para a qual todo homem acorre, está em seu último fim, Deus, por meio de Jesus Cristo. A alma humana quer esta água viva e eterna dada pelo Divino Mestre, fonte inextinguível de felicidade. Deus é a finalidade de todo o Universo e o homem só será feliz quando atingir esta finalidade. Diz Santo Agostinho que “buscar a Deus é ânsia ou amor da felicidade, e sua possessão, a felicidade mesma”[9]. Nesta bem-aventurança encontramos a essência da felicidade: alegria de ser, viver e existir com Deus e para Deus.
Participar desta felicidade divina nos faz generosos e alegres[10]. Daí se originam novas forças para adquirir ainda maiores parcelas de verdadeira felicidade, mediante a prática de atos e virtudes moralmente boas. E, com isso, assemelhar-se mais ao Criador[11].
Por Marcos Eduardo Melo dos Santos
[1] Cf. MONDIN, Battista. Quem é Deus? Elementos de teologia filosófica. São Paulo: Paulus, 1997.
[2] Status omnium bonorum aggregatione perfectus. Boécio. De Consolatione Philosophiae, 3, 2.
[3] Cf. São Tomás de Aquino. Suma Teológica. I-II, q. 26, a. 4.
[4] Cf. Boécio. De Consolatione Philosophiae.3,2. ML : 63, 726 A.
[5] São Tomás de Aquino. Suma Teológica I, q. 26, a. 4.
[6] São Tomás de Aquino. Suma Teológica. I, q. 26, a.1.
[7] Santo Agostinho. Confessiones. 5,4: ML 32,708.
[8] São Gregório Magno. Moralia32,6,7: ML 76,639 D.
[9] Santo Agostinho., 1,11,18.
[10] São Tomás de Aquino. Suma Teológica. I, q. 26, a. 4.
[11] Cf. LAUAND, Luiz Jean. Tomás de Aquino, hoje. Curitiba: Champagnat, 1993, p. 41.
http://blog.comshalom.org/carmadelio/30735-a-felicidade-de-deus-voce-a-entende
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