O Ano Jubilar terminará na solenidade litúrgica de Jesus Cristo, Rei do Universo, no próximo dia 20 de novembro. Foi um Ano de graças e de bênçãos. Fomos ensopados na misericórdia de Deus.
Por Dom João Inácio Mϋller*
Durante todo este Ano Santo da Misericórdia, Cristo esteve à nossa procura. Ele é a expressão da misericórdia do Pai que veio e vem ao nosso encontro para dar-Se a nós, para ser a nossa vida. Foi um Ano de acolhida do dom de Deus, da Sua graça.
Tivemos a graça de passar pela Porta Santa. São João Paulo II lembra que “a Porta Santa nada mais é senão o símbolo deste encontro com Ele. Cristo é a verdadeira Porta Santa, que nos dá acesso à casa do Pai e nos introduz na intimidade da vida divina”. Este foi, pois, um Ano de vida íntima com o Senhor, “o Pai das misericórdias e Deus de toda consolação”. (Cor, 2, 1-3)
Nutrimo-nos de Deus e treinamo-nos na vida divina: vida misericordiosa, posturas e práticas que colocam no centro a pessoa em situação de vulnerabilidade social ou moral. Assim, a grande herança que o Jubileu nos deixa é a experiência viva e consoladora do encontro com Cristo.
Encerrando oficialmente o Ano Extraordinário da Misericórdia, ficam os dons espirituais que nele foram concedidos e acolhidos. A graça de Deus para conosco não termina nunca. Deus se fez nosso próximo! O Coração de Cristo continuará aberto para nós, como sempre esteve.
Neste ano, nós tivemos a graça de nos sensibilizarmos para com o coração de nosso Senhor. E Ele nos quer partícipes do Seu coração. Mantenhamos os nossos corações abertos para com todas as pessoas que se achegarem ou daquelas que nos aproximarmos. Somos filhos de Deus enviados aos outros, Igreja em saída, peregrina e itinerante, anunciadora da vida bela e misericordiosa que nos visitou em Cristo.
A graça do Ano Santo não pode terminar. Cristo é o primeiro a querer que tenhamos a Sua alegria em nosso cotidiano. Por isso, após o gesto do Lava-pés, o Senhor disse aos seus amigos íntimos: “Vocês devem fazer a mesma coisa que eu fiz (...). Se vocês compreenderam isso e puserem em prática, serão felizes”(Jo 13, 15-17).
Eis a nossa missão: sejamos praticantes do que o Senhor nos ensinou. O Senhor fez e faz Sua parte, e não se cansa disso: realiza maravilhas por nós e nos cumula com o Seu jeito divino de viver a vida humana. Deus não se cansa de nos amar, perdoar, de estar próximo de nós.
Queira Deus, terminado este Ano Jubilar, que as pessoas possam ver e sentir em nós a bondade misericordiosa de Cristo. Que acolhamos os pecadores, os pobres e os distantes de Deus e da Igreja. Que os marginalizados não fiquem esquecidos. Assim como nosso Senhor continua dizendo a cada um de nós, que necessitamos de esperança e de sentido: “Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e aliviar-vos-ei” (Mt, 11,28).
Que o nosso modo de viver acolha a todos, que nossa vida seja um transbordar do Senhor acolhido! Lembremo-nos: a Igreja não vive para si, mas para Cristo. Desta maneira, ela quer ser o corpo de Cristo, a estrela que serve de ponto de referência, ajudando todos a encontrar o caminho que leva a Ele. Oxalá, continuemos a “iluminar com a luz de Cristo, que resplandece no rosto da Igreja, todos os homens” (Lumen Gentium, 1).
Todos nós, ao passarmos pela Porta Santa, mergulhamos em Cristo, o Bom Pastor, o rosto da misericórdia do Pai. Que este banho de Jesus Cristo esteja sempre disponível em nosso viver. Que possamos dar eco e testemunho do que São João escreve: “Tal como Jesus é, assim somos nós neste mundo” (Jo 4,17).
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