Por Miguel Pérez Pichel
Papa na Missa. Foto: L'Osservatore Romano
Vaticano, 10 Nov. 16 / 09:35 am (ACI).- Durante a homilia da Missa celebrada na Casa Santa Marta, o Papa Francisco advertiu contra a tentação de transformar a religião em um espetáculo de “fogos de artifício” que são efêmeros e acabam e pediu que se cultive a esperança para que o Reino de Deus cresça.
“Se o Reino de Deus está no meio de nós, se todos nós temos esta semente dentro, temos o Espírito Santo ali, como eu cuido dele? Como discirno, como posso discernir a planta boa do grão da intriga? O Reino de Deus cresce e o que nós devemos fazer?”.
“Interroguemo-nos sobre a nossa esperança nesta semente que está crescendo em nós – convidou o Pontífice –, e sobre como protegemos a nossa esperança. Perguntemos a nós mesmos: ‘Eu tenho esperança? Ou vou avante como posso e não sei discernir o bom do mal, o grão da intriga, a luz, a mansa luz do Espírito Santo da luminosidade artificial?”.
Por outro lado, Francisco assegurou: “O Reino de Deus está no meio de nós, mas nós devemos com o repouso, com o trabalho, com o discernimento, proteger a esperança deste Reino de Deus que cresce, até o momento em que virá o Senhor e tudo será transformado. Num instante: tudo! O mundo, nós, tudo. E como diz Paulo aos cristãos de Tessalônica, naquele momento permaneceremos todos com Ele”.
“O Reino de Deus não é uma religião do espetáculo, que sempre procura coisas novas, revelações, mensagens... Deus falou em Jesus Cristo: esta é a última Palavra de Deus. As outras são como fogos de artifício que te iluminam por um instante e depois, o que fica? Nada”.
Nessa atitude ante a religião “não há crescimento, não há luz, não há nada: um instante. Muitas vezes, somos tentados por esta religião do espetáculo, tentados a procurar coisas estranhas à revelação, à mansidão do Reino de Deus que está no meio de nós e cresce”.
Esse espetáculo não é fruto da esperança colocada no Reino de Deus, mas é consequência da “vontade de possuir algo em mãos”, disse. Mas, “a nossa salvação se dá na esperança, a esperança que tem o homem que semeia o grão ou a mulher que prepara o pão, misturando fermento e farinha: a esperança que ela cresça.
Ao contrário, “esta luminosidade artificial se concentra em um momento e depois acaba, como os fogos de artifício. Não são suficientes para iluminar uma casa; é um espetáculo”.
Para evitar cair nessa tentação, o Bispo de Roma sugere cuidar com paciência “da semente que plantamos, vigiar a planta e evitar que não tenha uma erva daninha perto dela, para que a planta cresça. Ou seja, cuidar da esperança, porque na esperança fomos salvos. A esperança é o elo da história da salvação. A esperança de encontrar o Senhor definitivamente”.
Evangelho comentado pelo Papa:
Lucas 17,20-25
“E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes e disse: O reino de Deus não vem com aparência exterior.
Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós.
E disse aos discípulos: Dias virão em que desejareis ver um dos dias do Filho do homem, e não o vereis.
E dir-vos-ão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali. Não vades, nem os sigais;
Porque, como o relâmpago ilumina desde uma extremidade inferior do céu até à outra extremidade, assim será também o Filho do homem no seu dia.
Mas primeiro convém que ele padeça muito, e seja reprovado por esta geração”.
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