Entre os países, todos periférico, um é marxista, outro tem maioria muçulmana e o terceiro possui mais falantes do idioma indígena nativo do que espanhol.
Cuba, Paquistão e Paraguai ouviram apelo do pontífice pelo Jubileu da Misericórdia. (Divulgação)
Por Austen Ivereigh
Ilustrando a convicção de longa data do Papa Francisco de que o Evangelho é ouvido primeiro pelos que estão à margem da sociedade, três países que responderam ao seu pedido de libertação dos prisioneiros, em 6 de novembro, estão entre os mais pobres do mundo.
Além disso, um deles é oficialmente marxista, outro tem maioria muçulmana, enquanto o terceiro é um país latino-americano sem costa marítima onde há mais falantes do idioma indígena nativo do que de espanhol.
"De maneira especial, submeto à consideração das autoridades civis competentes em cada país a oportunidade de fazer, neste Ano Santo da Misericórdia, um ato de clemência para com os prisioneiros que podem ser beneficiados com esta medida", disse Papa Francisco na Missa do Jubileu a mais de 1.000 prisioneiros, em Roma, no início deste mês.
O apelo foi seguido por cartas de Francisco endereçadas aos líderes políticos do mundo inteiro.
Enquanto é provável que os maiores países católicos do mundo - como Brasil, México, Polônia e França - não tenham respondido ao apelo do Papa no Jubileu de Misericórdia, Cuba, Paquistão e Paraguai ouviram suas palavras e transformaram-nas em ação.
Menos três horas após o recebimento da carta do Papa Francisco, o presidente do Paraguai, Horacio Cartes, respondeu positivamente, prometendo libertar os presos. No último sábado, 16 detentos de três prisões diferentes foram libertados, dos quais dez eram mulheres. Todos "saíram com uma oferta de emprego", disse o diretor de imprensa de Cartes, Mariano Mercado, à Crux.
Ao anunciar o indulto ao lado do núncio apostólico, Dom Eliseo Antonio Ariotti, o presidente Cartes disse que respondeu "imediatamente", dada a "seriedade" do pedido do Papa.
Há mais de 13.000 presos nas penitenciárias do Paraguai, mais do que o dobro de sua capacidade, mas o governo está investindo em torno de 80 milhões de dólares na modernização de suas instalações.
Enquanto isso, mais de 60 prisioneiros foram libertados em Faisalabad, Paquistão, por iniciativa do único ministro cristão do governo, o senador católico Kamran Michael, Ministro dos Direitos Humanos.
Inspirado pelo pedido do Papa Francisco, ele aceitou a sugestão do bispo de Faisalabad, Joseph Arshad. De acordo com o ministro, esse movimento reflete a mensagem "anunciada pelo Papa Francisco neste ano, o Ano da Misericórdia, em prol do direito fundamental à liberdade desses prisioneiros".
Padre Nisar Barkat, líder da Comissão diocesana de Faisalabad para o Diálogo Inter-religioso e o Ecumenismo, disse à UCA News que "63 prisioneiros, em sua maioria muçulmanos, foram libertados da prisão Central de Faisalabad, e mais oito que já cumpriram suas penas serão libertados após o pagamento de sua fiança pelo ministério".
"Os prisioneiros da prisão central de Lahore também serão libertados este ano, e os da província de Sindh, nos próximos meses", acrescentou Barkat.
No Paquistão, 88 casas de detenção abrigam mais de 80.000 presidiários, dos quais 70 por cento estão aguardando julgamento. O sistema prisional suporta aproximadamente a metade desse número.
O governo cubano de Raul Castro disse, em 15 de novembro, que 787 presos comuns seriam perdoados após o pedido do Papa.
De acordo com um anúncio no jornal oficial Granma, os prisioneiros foram selecionados de acordo com os crimes cometidos, seu comportamento e o tempo de pena restante.
Mulheres, jovens e doentes tinham mais chances de fazer parte da lista dos prisioneiros libertados "por razões humanitárias", que excluiu os condenados por homicídio, estupro, corrupção de menores, tráfico de drogas ou crimes semelhantes.
Ainda não se sabe quando eles serão liberados.
O governo comunista de Cuba tem um histórico significativo de libertação de um grande número de prisioneiros a pedido da Igreja, especialmente quando algum papa visita a ilha.
Na visita de São João Paulo II, em 1998, a Igreja negociou a libertação de mais de 100 prisioneiros. Outros 2.900 foram libertados durante a visita de Bento XVI em 2012 e mais 3.522 antes da visita do Papa Francisco, em setembro de 2015.
Crux / IHU - Tradução: Luísa Flores Somavilla
EMGE
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