quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Gestores vão enfrentar desafios no Municipal

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Além do rearranjo do modelo de funcionamento do teatro, eles devem herdar problemas, como cachês atrasados.
O modelo de gestão da instituição tem sido alvo de polêmicas desde que foi descoberto um esquema de corrupção.
O modelo de gestão da instituição tem sido alvo de polêmicas desde que foi descoberto um esquema de corrupção. (Divulgação)
O diretor cênico e produtor cultural Cleber Papa e o maestro Roberto Minczuk vão integrar a nova gestão do Teatro Municipal de São Paulo. Papa deve ocupar um posto de direção artística e Minczuk será, a partir de janeiro, regente titular da Orquestra Sinfônica Municipal, principal grupo sinfônico do teatro. A informação foi confirmada na tarde desta terça-feira, 20, à reportagem pelo futuro secretário municipal de Cultura, André Sturm.

"Posso dizer que ambos foram convidados para integrar a nova gestão do Municipal e que ambos aceitaram, mas não posso confirmar nada, nem mesmo definir cargos, afinal ainda não sou secretário de Cultura. E, além disso, com a situação ainda nublada com relação aos episódios recentes na estrutura do Municipal, não dá para saber como será a configuração. Mas Minczuk será o regente titular da orquestra, e Cleber Papa vai desempenhar função nas decisões artísticas", disse Sturm.

O modelo de gestão da instituição tem sido alvo de polêmicas desde que, no final de 2015, foi descoberto um esquema de corrupção e desvio de verbas no Instituto Brasileiro de Gestão Cultural (IBGC), organização social responsável pela gestão de parte das atividades da Fundação Teatro Municipal. No epicentro do esquema estava a fragilidade nos mecanismos de controle da ação da OS e a dificuldade na atribuição do que seria função da fundação e o que seria de responsabilidade do IBGC. 

Além disso, o modelo trazia duplicidade de funções - havia, por exemplo, uma direção artística na OS, ocupada pelo maestro John Neschling, e uma na fundação, que ficou vaga até pouco antes da demissão do maestro, em meados deste ano. Nos bastidores, fala-se que a definição do cargo a ser ocupado por Papa passará necessariamente pela revisão dessas funções. De qualquer forma, a escolha de Sturm aponta para a descentralização das decisões, que antes ficavam totalmente na mão do maestro que, agora, passa a trabalhar ao lado de uma direção artística.

Em entrevista, Papa disse estar "animado com a possibilidade de criar um novo projeto para o Municipal". "Mas ainda não foram discutidas as bases da contratação. Posso apenas dizer que fui convidado a participar da gestão e aceitei. E que será um prazer trabalhar ao lado do maestro Roberto Minczuk."

Profissional ligado à ópera, Papa foi diretor do Festival Amazonas de Ópera e do Festival do Theatro da Paz, em Belém; nos últimos anos, trabalhou com Sturm no Museu da Imagem e do Som e foi um dos idealizadores do Ópera Curta, companhia itinerante de ópera mantida pelo governo do Estado de São Paulo.

O maestro Roberto Minczuk, que está em Buenos Aires para concertos no Teatro Colón, não respondeu às mensagens enviadas pela reportagem. Seu último posto no Brasil foi o de diretor e regente titular da Orquestra Sinfônica Brasileira, do qual saiu no ano passado. Ele também já dirigiu o Festival de Inverno de Campos do Jordão.

A nova gestão terá pela frente desafios importantes. Além do rearranjo do modelo de funcionamento do teatro, ela deve herdar problemas como cachês atrasados, referentes a óperas como Elektra, e uma dívida em torno de R$ 8 milhões. Ao longo de 2017 também haverá um edital para convocação de novas OSs, uma vez que o contrato de gestão com o IBGC termina no meio do próximo ano.

Agência Estado

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