segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Papa lembra crianças de rua na América Latina e critica «sociedade da desconfiança»

Francisco junto da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe (imagem de arquivo)Agência Ecclesia 12 de Dezembro de 2016 Francisco junto da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe (imagem de arquivo)
Francisco junto da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe (imagem de arquivo)
Francisco presidiu a Missa, na Basílica de São Pedro, por ocasião da festa de Nossa Senhora de Guadalupe

Cidade do Vaticano, 12 dez 2016 (Ecclesia) - O Papa recordou hoje no Vaticano as crianças de rua da América Latina e deixou críticas às desigualdades económicas, que geraram uma “sociedade da desconfiança”.

“Parece que, sem nos apercebermos, acabamos por acostumar-nos a viver na sociedade da desconfiança, com tudo o que isso implica para o nosso presente e especialmente para o nosso futuro”, alertou, na homilia da Missa a que presidiu por ocasião da festa de Nossa Senhora de Guadalupe.

Francisco evocou as “crianças e jovens explorados em trabalhos clandestinos” ou “obrigados a ganhar alguma moeda nos cruzamentos das avenidas”, limpando para-brisas.

“Sentem que no comboio da vida não há lugar para eles”, disse o pontífice de argentino, perante centenas de pessoas reunidas na Basílica de São Pedro.

O Papa sustentou que ninguém se pode vangloriar de uma sociedade do bem-estar quando no continente americano, por exemplo, “se tornou costume ver milhares e milhares de crianças e jovens em situação de rua, que mendigam e dormem nas estações ferroviárias”.

“Quantas famílias vão ficando marcadas pela dor de ver os seus filhos vítimas dos mercadores da morte”, advertiu.

Francisco recordou depois a “solidão” dos idosos ou a “precariedade” que afeta a dignidade feminina, sujeitas a “múltiplas formas de violência, dentro e fora de casa”.

A intervenção aludiu a uma “cultura da desilusão”, com milhares de pessoas afetadas pelo “desencanto”, a “frustração” e “mesmo a angústia”.

O Papa apresentou a figura da Virgem Maria como “mulher lutadora perante a sociedade da desconfiança e da cegueira”, um símbolo da “alegria do Evangelho”.

“Celebrar a memória de Maria é celebrar que nós, como ela, estamos convidados a sair e ir ao encontro dos outros com o seu mesmo olhar, com as suas mesmas entranhas de misericórdia, com os seus mesmos gestos”, realçou.

Antes do início da Missa teve lugar a entrada das bandeiras de todo o continente americano pela nave central da Basílica de São Pedro.

Durante a cerimónia foram lidos textos e interpretados cânticos em náhuatl, língua indígena falada no México na época dos aztecas; em quéchua, língua indígena do império inca no Peru; e em mapuche, a língua das comunidades nativas do sul do Chile e da Argentina.

OC

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