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A Igreja propõe neste domingo a leitura do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 3,1-12 que corresponde ao segundo domingo do Advento, ciclo A do Ano Litúrgico.
Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas! (Divulgação)
Por José Antonio Pagola
Pelos anos 27 ou 28 apareceu no deserto próximo do Jordão um profeta original e independente que provocou um forte impacto no povo judeu: as primeiras gerações cristãs viram-no sempre como o homem que preparou o caminho a Jesus.
Toda a sua mensagem se pode concentrar num grito: “Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas!”. Depois de vinte séculos, o Papa Francisco grita-nos a mesma mensagem aos cristãos: abri caminhos a Deus, voltai a Jesus, acolhei o Evangelho.
Seu propósito é claro: "Procuremos ser uma Igreja que encontra caminhos novos". Não será fácil. Nos últimos anos vivemos paralisados pelo medo. O Papa não se surpreende: “A novidade dá-nos sempre um pouco de medo porque nos sentimos mais seguros se temos tudo sob controle, se somos nós os que construímos, programamos e planejamos a nossa vida". E faz-nos uma pergunta a que temos de responder: "Estamos decididos a percorrer os caminhos novos que a novidade de Deus nos apresenta ou nos entrincheiramos em estruturas caducas que perderam a capacidade de resposta?".
Alguns espaços da Igreja pedem ao Papa que efetive o mais pronto possível diferentes reformas que se consideram urgentes. No entanto, Francisco manifestou sua postura de forma clara: "Alguns esperam e pedem-me reformas na Igreja, e deve ocorrer”. “Mas antes é necessária uma alteração de atitudes”.
Parece-me admirável a clarividência evangélica do Papa. O prioritário não é assinar decretos reformistas. Previamente é necessário colocar as comunidades cristãs em estado de conversão e recuperar no interior da Igreja as atitudes evangélicas mais básicas. Só nesse clima será possível concretizar de forma eficaz e com espírito evangélico as reformas que a Igreja necessita com urgência.
O próprio Francisco indica-nos todos os dias as mudanças de atitude de que necessitamos. Assinalarei algumas de grande importância.
Colocar Jesus no centro da Igreja: "Uma Igreja que não leva a Jesus é uma Igreja morta".
Não viver numa Igreja fechada e autorreferencial: "Uma Igreja que se encerra no passado e atraiçoa a sua própria identidade".
Atuar sempre movido pela misericórdia de Deus para com todos seus filhos: não cultivar “um cristianismo restauracionista e legalista que quer tudo claro e seguro, e não encontra nada”.
Procurar uma Igreja pobre e dos pobres. Ancorar nossa vida na esperança, não “nas nossas regras, nos nossos comportamentos eclesiásticos, nos nossos clericalismos”.
IHU
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