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O presidente eleito Donald Trump é o símbolo que inaugura esta nova Era ainda sem nome.
As redes sociais têm grande culpa nisso tudo e não é por acaso que o presidente Donald Trump usa estes recursos. (Reuters)
Por Max Velati*
Tempos estranhos.
A verdade não é mais a verdade. Os fatos não têm mais importância e tudo agora é uma questão de versão. E o mais assustador é que as versões não precisam ter qualquer relação com os fatos ou com a verdade.
Quando se perde a terra firme dos fatos, nada mais resta do que construir pontes frágeis sobre o Vácuo, pontos meramente interligados, mas sem causa e sem efeito.
O presidente eleito Donald Trump é o símbolo que inaugura esta nova Era ainda sem nome, o coveiro do Humanismo, do debate, da reflexão e da razão. Mas ele não está sozinho. Em toda parte instalou-se uma Nova Ordem, um tempo em que a verdade é só o que o poder chama de verdade.
Acredito que as redes sociais têm grande culpa nisso tudo e não é por acaso que o presidente Donald Trump usa estes recursos com tanta frequência. As redes sociais provaram ser uma invenção pobre, um produto ralo de alta tecnologia destinado a criar relações, mas quase sempre vazias, em geral limitadas a uma troca de insultos e desqualificações diversas. Aliás, desqualificar virou uma espécie de epidemia.
A Filosofia, minha querida Filosofia a quem eu devo tanto, é hoje um nome empoeirado, um volume grosso comido por traças e esquecido em alguma prateleira alta, longe da vista. Num mundo sem causas e sem efeitos, a Ciência das Causas não pode ser útil.
A Arte também vai sofrer nesta nova Era, pois hoje é Arte qualquer coisa que qualquer pessoa em qualquer parte chame de Arte. Quando o Nada é Tudo, o Tudo também é Nada. A imagem que eu pinto para descrever este fracasso conceitual é um barco a vela que recebe ventos de todas as direções e por isso jamais deixa o porto.
O Amor nesta Era ainda sem nome também erra o caminho. O Amor não é mais um sentimento entre indivíduos. Parece que não basta ser União, tem que ser ativismo e o ato de amor agora só vale se for ato de protesto. O Amor virou uma causa, uma posição política e quando um sentimento vira ideologia, está sujeito a todo tipo de ataque.
E assim caminha a Humanidade até que um novo Renascimento venha nos salvar.
*Max Velati trabalhou muitos anos em Publicidade, Jornalismo e publicou sob pseudônimos uma dezena de livros sobre Filosofia e História para o público juvenil. Atualmente, além da literatura, é professor de esgrima e chargista de Economia da Folha de S. Paulo. Publica no Dom Total toda sexta feira.
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